Israel x Irã: O ponto sensível e outros efeitos para o agronegócio brasileiro

O mundo segue de perto os desdobramentos do conflito entre Irã e Israel que se iniciou na semana passada. E, para o Brasil, há alguns efeitos que podem afetar o agronegócio brasileiro.
De acordo com Felippe Serigati, pesquisador da FGV Agro, o ponto mais sensível para o setor fica ureia exportada para o Brasil, já que o Irã é um dos principais exportadores para o Brasil, ainda que atrás de Rússia, Omã e Qatar, segundo a ComexStat.
O Brasil produz menos de 20% da ureia que consome e importa cerca de 85% de fertilizantes para consumo interno por ano. Em 2024, o país importou um volume recorde de 44,3 milhões de toneladas, um aumento de 8,3% em comparação com 2023.
“Além disso, o Irã também compra bastante milho do Brasil. No entanto, como exportamos milho para vários países, nenhum tem um peso individual muito grande na nossa pauta exportadora desse produto. Israel é um fornecedor de cloreto de potássio para o Brasil. Mas, apesar desse atrito militar, não vejo motivos para que haja qualquer alteração nesse comércio”, comenta Serigati.
Outros efeitos secundários, segundo Serigati, ficam para elevação dos preços do petróleo e possíveis encarecimentos do frete, ainda que o estreito de Ormuz e o de Bab al-Mandab não sejam rotas importantes para os produtos do agro brasileiro.
“Por outro lado, um encarecimento do frete devido a esses dois ‘estreitos’ pode tornar o trânsito de contêineres mais caro, independentemente da rota”, diz, lembrando os efeitos já causados no Canal de Suez em maio de 2024.
Quanto ao dólar e inflação no Brasil, o pesquisador acredita que seja cedo e incerto para afirmar que haverá impactos.