Internacional

Itália quer elevar déficit orçamentário, dizem fontes; medida ameaça gerar novas tensões com UE

10 set 2019, 16:09 - atualizado em 10 set 2019, 16:09
Ex-premiê italiano Paolo Gentiloni, nomeado novo comissário da UE para assuntos econômicos, em evento em Assis, Itália
 Após o colapso da coalizão anterior no mês passado, o novo governo espera poder convencer Bruxelas a acomodar a expansão orçamentária (Imagem: REUTERS/Yara Nardi)

A nova coalizão de governo da Itália planeja aumentar o déficit orçamentário para cerca de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, disseram fontes, medida que ameaçaria reacender tensões com a União Europeia (UE).

O novo governo, formado após o colapso da coalizão anterior no mês passado, espera poder convencer Bruxelas a acomodar a expansão orçamentária, criando um relacionamento mais forte com seus parceiros da UE.

Reforçando essas esperanças, o ex-primeiro-ministro italiano Paolo Gentiloni foi nomeado nesta terça-feira como o novo comissário da UE para assuntos econômicos, dando-lhe um papel central na avaliação sobre se os planos de Orçamento da Itália cumprem as regras da UE.

“Vou trabalhar acima de tudo para contribuir para fazer o crescimento voltar”, disse Gentiloni logo após ser escolhido para o posto em Bruxelas, em comentários que provavelmente serão bem-vindos pelo governo de Roma, que o indicou.

O déficit para 2020 de cerca de 2,3% do PIB –que três fontes políticas disseram à Reuters que estava sendo planejado pela coalizão do Movimento 5 Estrelas e pelo Partido Democrático(PD), de centro-esquerda– ficaria acima do deste ano, de 2,04%.

Também seria muito mais alto que o atual objetivo de 2020, de 2,1%, e aproximaria o déficit orçamentário do nível de 2,4%, que quase desencadeou um processo disciplinar da UE contra a Itália este ano.

O novo governo colocou um Orçamento expansionista para 2020 no topo de sua agenda para evitar o risco de recessão e planeja aumentar o déficit para evitar um aumento no imposto sobre vendas inicialmente previsto para janeiro, o que poderia afetar os gastos do consumidor.

A coalizão que tomou posse na semana passada, liderada pelo primeiro-ministro Giuseppe Conte, prometeu consertar as relações com a UE e manter as finanças públicas em ordem, mas resta saber como o bloco encarar o aumento pretendido no déficit.

A Itália possui a segunda maior relação dívida/PIB da UE e tem demandado que a UE alivie a “rigidez excessiva” das atuais regras fiscais do bloco.

Apenas dois meses atrás, o governo anterior da Itália –formado pela coalizão entre o Movimento 5 Estrelas e a Liga– havia reduzido a meta de déficit de 2019 para 2,04%, de 2,4%, após longo embate com Bruxelas.

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