Internacional

Itamaraty cancela reunião de diplomata brasileira com chancelaria do Irã

08 jan 2020, 19:31 - atualizado em 08 jan 2020, 19:31
O cancelamento dessa reunião é mais um indicador do delicado momento que o governo passa para se equilibrar na tensão entre Irã e Estados Unidos (Imagem: REUTERS/Leonhard Foeger)

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil cancelou uma reunião marcada para esta quarta-feira em que a encarregada de negócios da embaixada de Teerã, Maria Cristina Lopes, teria com a chancelaria do Irã, em meio a questionamentos sobre a posição do governo brasileiro na crise que envolve o país persa e os Estados Unidos.

Em resposta a questionamento feito pela Reuters, o Departamento de Comunicação Social do ministério afirmou que a reunião –marcada para tratar de temas culturais– estava agendada e foi adiada “a pedido do Brasil, no entendimento de que o atual momento é delicado”.

“O assunto será reanalisado oportunamente, quando do regresso do embaixador do Brasil em Teerã ao posto, e uma nova data para o encontro deverá ser agendada”, concluiu o departamento do Itamaraty.

Maria Cristina Lopes é a segunda mais alta autoridade da chancelaria brasileira no Irã e, com o embaixador Rodrigo Azeredo fora daquele país, na prática é a principal responsável em defender os interesses do governo do Brasil lá.

O cancelamento dessa reunião é mais um indicador do delicado momento que o governo passa para se equilibrar na tensão entre Irã e Estados Unidos.

Itamaraty
Após reação negativa de alguns países com os quais o Brasil mantém parcerias comerciais, o país optou por não se manifestar mais sobre a crise publicamente (Imagem: Pixabay)

Em transmissão nas redes sociais mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou a crise entre os Estados Unidos e o Irã para atacar a tentativa de costura de acordo nuclear pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010, que visava permitir que Teerã tivesse acesso a urânio enriquecido para ser usado em um programa nuclear para fins pacíficos.

O governo brasileiro tem procurado manter equidistância da crise entre EUA e Irã, embora tenha sido criticado pela nota do Itamaraty divulgada após Trump ter ordenado o ataque fatal contra o comandante militar iraniano Qassem Soleimani em um aeroporto da capital do Iraque.

Após reação negativa de alguns países com os quais o Brasil mantém parcerias comerciais, o país optou por não se manifestar mais sobre a crise publicamente.

Houve a convocação da representante brasileira em Teerã após o Itamaraty emitir uma nota na sexta-feira sobre a morte do general Soleimani, em que manifestou “apoio à luta contra o flagelo do terrorismo”.