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Itaú: não se anime com o lucro; resultados escondem armadilhas, dizem analistas

04 maio 2021, 14:47 - atualizado em 04 maio 2021, 18:05

Itaú (ITUB4)

O Itaú (ITUB4) divulgou seu resultado na noite da última segunda-feira (3) e parece não ter agradado tanto os analistas.

Apesar de reconhecerem os números fortes, como a alta de 63% no lucro líquido ajustado, 11% acima do consenso do mercado compilado pela Refinitiv, eles apontam alguns pontos de cautela.

As cifras do banco não animaram os mercados também. Os papéis do empresa fecharam em queda de 4,27%, a R$ 26,71.

Para a XP Investimentos, os resultados foram bons, mas a qualidade fraca.

“O Itaú divulgou diversos itens não sustentáveis, que ajudaram no resultado, enquanto áreas relevantes como rendas de tarifas, margem financeira com clientes e custos apresentaram desempenho abaixo do esperado”, afirmam os analistas Marcel Campos e Matheus Odaguil.

Além disso, eles observam que a alta concorrência e a regulamentação tornará o consumo de cobertura e os números de tesouraria menos relevantes para as perspectivas do setor.

“Uma vez que esperamos que a margem financeira (NII) com os clientes seja um impulsionador relevante para os bancos, acreditamos que a margem financeira do banco não foi tão grande quanto mostrado em números absolutos”, apontam.

O NII com o mercado saltou 224% anualmente para R$ 2,4 bilhões.

A Ágora Investimentos também apontou a baixa qualidade dos números do maior banco brasileiro. Na visão dos analistas Victor Schabbel e José Cataldo, o valuation não é mais uma pechincha.

“O lucro líquido muito mais forte devido ao menor custo do risco cria base de comparação mais difícil para os próximos trimestres. Os resultados devem apoiar a alta das ações, mas as preocupações com a inadimplência futura podem limitar a alta”, afirmam.

Segundo Luis Sales, da Guide Investimentos, as cifras do Itaú foram melhores que o esperado pelo mercado, mas por efeitos que podem não ser sustentáveis.

“Esperamos um crescimento mais forte da carteira de crédito nos próximos meses para contrabalancear com a queda na margem de produtos bancários. No entanto, vemos que a competitividade do setor está acirrada, o banco precisa cortar custos de forma mais forte, melhorar os resultados das linhas mais sustentáveis”, diz.

Itaú ITUB4
A corretora destaca que a inadimplência acima de 90 dias se manteve em linha em relação ao trimestre passado, em ainda baixos 2,3% (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

Inadimplência e provisões

Os indicadores que medem os riscos do banco, importantes em um período de pandemia como vivemos, ficaram estáveis, aponta o BTG Pactual.

A corretora destaca que a inadimplência acima de 90 dias se manteve em linha em relação ao trimestre passado, em ainda baixos 2,3%.

“As inadimplências de 15 a 90 dias aumentaram 20 pontos-base, para 2%, ainda em um nível baixo e abaixo dos números do ano passado. Este indicador aumentou conforme o esperado devido à sazonalidade”, apontam os analistas Eduardo Rosman, Ricardo Cavalier e Luiz Temporini.

O trio ainda destaca que a queda nas provisões foi ajudada por níveis muito mais altos da operação da América Latina. A sua subsidiária na região, a Corpbanca, entregou resultados melhores que o esperado.

“O principal destaque positivo do trimestre foi a qualidade do crédito. Embora continuemos acreditando que as inadimplências devem aumentar nos próximos trimestres, as tendências permanecem muito favoráveis, o que tem sido uma surpresa positiva para todos os bancos”, observam.

Já o Inter Research afirma que, de modo geral, o Itaú apresentou números fortes e acima das expectativas.

“Contudo, ficamos atentos ao desempenho nas linhas de serviços, que passam por desafios além do Covid-19, da maior competitividade do setor. Saudamos a maior agressividade do banco com a estratégia digital via Iti, que vem sendo transformado de uma simples carteira digital para um banco digital.”, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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