Itaú projeta inflação menor para 2025 e cortes da Selic só em 2026

O Itaú revisou sua projeção para a inflação deste ano de 5,2% para 5,1%, refletindo o impacto de um câmbio mais apreciado sobre os preços de alimentos. Para 2026, a estimativa foi mantida em 4,4%.
Em julho, o grupo de alimentação e bebidas registrou queda de 0,27%, segunda retração consecutiva. No mês anterior, a deflação havia sido de 0,18%.
O economista-chefe da instituição, Mario Mesquita, avalia que os riscos para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 continuam assimétricos para baixo, diante da possibilidade de uma moeda ainda mais valorizada afetar preços de alimentos e combustíveis, e de uma reversão mais lenta do ciclo pecuário.
No campo altista, há atenção à menor incidência de chuvas, que aumenta a chance de acionamento da bandeira tarifária amarela no fim do ano, elevando custos de energia.
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A apreciação cambial está ligada ao cenário externo mais favorável, ao diferencial de juros domésticos e a algum alívio nas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos.
O Itaú, inclusive, revisou suas projeções para a taxa de câmbio de R$ 5,65 por dólar para R$ 5,50 em 2025 e 2026. Apesar disso, o banco aponta que “as incertezas fiscais e a deterioração das contas externas limitam cenários mais benignos para a moeda”.
A estimativa para o déficit em conta corrente foi ajustada para 3,0% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 e 3,1% em 2026, diante do impacto das tarifas, da desaceleração mais lenta das importações e de revisão estatística do Banco Central.
Na atividade econômica, o Itaú manteve a previsão de crescimento do PIB em 2,2% em 2025, mas com viés levemente baixista. O efeito negativo das tarifas é compensado pela revisão para cima no PIB agropecuário, de 7,0% para 8,3%.
Para 2026, a projeção é de alta de 1,5% do crescimento econômico, com viés positivo. A taxa de desemprego deve ficar em 6,4% no próximo ano e 6,9% no seguinte.
E a Selic?
No campo da política monetária, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 15% ao ano na última reunião e sinalizou que não pretende alterar o nível por um período prolongado.
O Itaú projeta o início de um ciclo de cortes no primeiro trimestre de 2026, levando a taxa a 12,75% ao ano.
A instituição, porém, admite que “os riscos ainda pesam na direção de um corte ainda mais tardio do que a nossa visão atual”, embora uma valorização mais forte do real ou uma desaceleração mais intensa da economia possam antecipar o movimento.