Economia

Itaú reduz projeção de crescimento do Brasil neste ano para 2% e vê inflação e dólar mais baixos

08 fev 2019, 17:02 - atualizado em 08 fev 2019, 17:02

Por Arena do Pavini – O Itaú Unibanco reduziu as projeções de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e espera inflação e dólar mais baixos este ano, conforme relatório enviado aos clientes hoje. Segundo o Departamento Econômico do banco, liderado pelo economista Mário Mesquita, ex-diretor do Banco Central, o crescimento da economia em 2018 deve ter ficado em 1,1%, abaixo do 1,3% esperado anteriormente. O número final deverá ser divulgado pelo IBGE nos próximos meses. Já para este ano, o banco vê o Brasil crescendo 2%, e não mais 2,5% como na projeção anterior. Para 2020, o crescimento foi revisto de 3% para 2,7%.

Segundo o banco, a revisão no crescimento da economia está relacionada ao crescimento mais fraco no quarto trimestre, condições de oferta menos favoráveis no setor agropecuário e no setor energético e menor crescimento global.

O Itaú revisou para baixo também a projeção de taxa de câmbio, para R$ 3,80 por dólar no fim de 2019 (ante R$ 3,90), incorporando um cenário internacional mais benigno. Para o fim de 2020, a projeção foi mantida em R$ 3,90. O banco reduziu também a projeção de inflação do IPCA, de 3,9% para 3,6% neste ano e de 4% para 3,6% no próximo, e projeta que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manterá a taxa Selic estável em 6,5% ao ano nas próximas reuniões, mas destaca que “este cenário está mais incerto do que o usual”.

Os economistas do Itaú esperam déficits primários (sem contar com o pagamento dos juros da dívida) de 1,3% do PIB em 2019 e de 0,8% do PIB em 2020. Esse cenário, ressalta o Itaú, é estritamente dependente da aprovação de uma reforma da Previdência, da qual o banco espera um impacto, em termos fiscais, semelhante ao da versão que tramitou recentemente no Congresso feita pelo ex-presidente Michel Temer.

Para o banco, a fraqueza recente da atividade econômica, principalmente na indústria, é consequência da combinação de dois fatores: (i) efeito defasado do aperto das condições financeiras em trimestres anteriores; e (ii) desaceleração do crescimento global (em particular de países com participação relevante nas exportações de manufatura do Brasil).

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Possibilidade de queda dos juros

Já com relação aos juros básicos, o quadro geral de inflação corrente baixa, recuperação aquém do esperado da atividade (com elevado grau de ociosidade na economia) e de um cenário externo mais benigno para economias emergentes poderia abrir espaço para a possibilidade de novas quedas de juros. No entanto, esse quadro pode ser rapidamente alterado, para pior, caso as reformas fiscais não avancem no ritmo esperado, alerta o banco.

Ainda há incerteza elevada quanto ao texto, ao tempo de tramitação e, até mesmo quanto à aprovação da reforma da Previdência, avalia o Itaú. Adicionalmente, existe incerteza sobre o modo pelo qual o novo comando do Banco Central, quando assumir suas responsabilidades em “timing” ainda indefinido, interpretará o cenário básico da atividade e inflação e o balanço de riscos descritos acima. “Nesse sentido, acreditamos que, nesse quadro particularmente turvo, a aprovação da reforma da Previdência e a comunicação da autoridade monetária serão particularmente relevantes para que possamos ter mais clareza sobre a trajetória prospectiva da taxa de juros”, diz o Itaú.

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pavini@moneytimes.com.br
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