Bancos voam na bolsa em 2025 — mas 2026 não será igual para todos, aponta JPMorgan
Os bancos terminam 2025 com fôlego capaz de fazer inveja a qualquer setor. Com exceção do Banco do Brasil (BBAS3), todos subiram pelo menos 30%. O Bradesco (BBDC4) disparou 60%, enquanto o Itaú (ITUB4) acumula alta de 50%.
É verdade que a base de comparação ajuda: os papéis começaram o ano nas mínimas. Mas os bons resultados, somados ao forte fluxo de estrangeiros que impulsionou a bolsa, criaram um ambiente favorável para o disparo das ações.
Contar apenas com o macro, porém, pode ser um problema. As instituições também precisam fazer sua parte para conquistar a confiança dos investidores.
Em relatório, o JPMorgan detalhou o que cada banco está preparando para encarar 2026. Confira:
Itaú: corte de gastos no radar
No Itaú, um dos favoritos dos investidores e com gestão constantemente elogiada, o corte de custos segue como prioridade.
A instituição pretende fechar entre 350 e 400 agências até o fim do ano e reduzir o ritmo de crescimento das despesas em 2026.
Até aqui, o varejo tem sido o principal motor, com avanços nos empréstimos consignados do INSS, que se recuperam após um período desafiador nos primeiros nove meses de 2025.
Os consignados para pessoas físicas e os financiamentos imobiliários também registraram bons números.
‘A qualidade dos ativos permanece estável, apesar do cenário macroeconômico desafiador’, destaca o JPMorgan.
Bradesco: três frentes para 2026
Em fase distinta do Itaú, a gestão do Bradesco compartilhou três pilares para 2026:
- a instituição segue observando melhorias operacionais, com perspectiva positiva para receitas;
- a administração acelera o plano de transformação, o que pode gerar custos mais elevados no curto prazo;
- a mensagem segue focada em evolução gradual, em vez de ganhos rápidos de rentabilidade, embora exista potencial de crescimento com o avanço dos índices de eficiência.
Segundo o JPMorgan, o crescimento do crédito pode desacelerar em 2026. Ainda assim, o banco permanece otimista.
A expectativa é que as receitas e a margem financeira (NIM) se mantenham estáveis — ou até cresçam — à medida que o Bradesco busca captar mais passivos e melhorar o custo de financiamento.
‘No lado das despesas operacionais, o foco será em investimentos estratégicos e de longo prazo, reconhecendo que as eficiências estão amadurecendo a partir da otimização atual dos canais.’
Banco do Brasil: agro continua pesando
No Banco do Brasil, após um ano de ajuste, o clima segue pessimista. O vilão continua sendo o agronegócio, que deve pressionar novamente em 2026.
A instituição já negociou R$ 13 bilhões em empréstimos sob a MP 1314, e espera que o valor chegue a R$ 20–25 bilhões.
‘A administração enfatizou que não prevê reversão de provisões neste momento, e a data-chave a acompanhar é abril, quando os empréstimos do plano de safra começam a ser pagos’, diz o relatório.
Além do agro, houve deterioração nas carteiras de cartões de crédito vinculadas a produtores rurais. Os desafios no segmento de pequenas e médias empresas também persistem.
‘Para 2026, o banco espera crescimento de empréstimos na faixa de um dígito médio, impulsionado principalmente por pessoas físicas.’
Santander: imposto vira o grande vilão
Para o Santander Brasil, o principal desafio para 2026 é a possível alíquota de imposto mais alta, normalizando-se após níveis artificiais de 2025.
A subsidiária do banco espanhol também vê espaço para melhora nas despesas no próximo ano, ‘refletindo a otimização das agências realizada nos anos anteriores’.
Embora a mensagem sobre a qualidade dos ativos seja majoritariamente positiva, ainda pode haver agravamento em alguns casos corporativos, considerando a Selic ainda elevada.