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Ivan Sant’Anna: A saúde é um jogo roubado

25 jul 2019, 14:23 - atualizado em 25 jul 2019, 14:23

Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

Anteontem, a ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar – fixou um aumento máximo de 7,35% nos planos individuais. Esse percentual, se comparado com a inflação dos últimos 12 meses, 3,37% (IPCA), é simplesmente um assalto.

Em 2018, foi ainda pior. Meu reajuste foi de 10%, contra um IPCA de 3,75%.

Como gosto de dar nome aos bois, meu plano é da Silvestre Saúde, que atende exclusivamente no Rio de Janeiro. Desde que me filiei a ele, em dezembro de 2013, a mensalidade subiu de R$ 1.589,54 para R$ 2.807,42, um acréscimo de 76,62%. No mesmo período, a inflação (sempre de acordo com o IPCA) foi de 37,92%.

Eu deveria estar pagando R$ 2.192,29.

As operadoras alegam que os índices de alta de preços da medicina são maiores do que os da economia como um todo. Mas se esqueceram de avisar isso ao INSS e aos planos de aposentadoria complementar, de onde vêm os recursos de boa parte dos velhinhos.

Por menos de 8 reais você vai aprender na prática a arte de lucrar mais por menos. O melhor curso de opções foi reaberto.

O que as empresas de seguro-saúde querem é que os anciões fiquem inadimplentes e se desassociem. A partir de determinada idade, tornam-se um mau negócio.

Os reajustes de mensalidades poderiam ser minimizados através do uso de equipamentos médicos de penúltima geração ou por intermédio da cobrança de um valor por consulta (R$ 50,00, por exemplo). Muita gente vai aos consultórios e hospitais por qualquer razão, uma vez que o plano de saúde já está pago.

Para os velhos mais insistentes (esse negócio de “melhor idade” é uma cascata sem tamanho), que se privam de quase tudo para continuar pagando seu convênio médico, os hospitais têm até suas casas da morte.

Há alguns anos, um parente próximo, de idade bem avançada, e sofrendo de doença terminal de lenta evolução, foi transferido do CTI de um hospital para um desses pré-sarcófagos, não mais do que gavetas onde os pacientes ficam aguardando seu desfecho, quase sem dar despesas à seguradora de saúde.

Por que estou escrevendo estas coisas, já que o tema de minha newsletter é o mercado de capitais e os acontecimentos que o influenciam?

O motivo é simples. Nós, analistas, temos o defeito de mostrar a importância de se poupar e investir mensalmente algum dinheiro para, mais tarde, viajar pelo mundo, ter sempre um carro novo e uma casa de praia ou de campo com todos os confortos, sem nunca sentir falta de dinheiro.

Acho que há um lado muito mais importante nessa nossa missão, praticamente um apostolado, de dar aconselhamento financeiro às pessoas.

Você, caro amigo leitor, precisa poupar mais do que imagina para, se der o azar de viver 90 ou 100 anos, não ter de morrer deitado no ladrilho frio do corredor de um hospital público.

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