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Ivan Sant’Anna: O ouro está pronto para uma nova disparada

27 jun 2020, 11:00 - atualizado em 27 jun 2020, 18:51
barra de ouro
“As grandes altas do ouro costumam ser lastreadas em dois fundamentos básicos: taxas de juros (nominais e/ou reais) negativas e fraqueza do dólar”, diz o colunista (Imagem: Pixabay/hamiltonleen)

Caro leitor,

Antes de mais nada, quero alertar o caro amigo leitor que a frase “Indicação de ouro que o Fed garante” é enganosa. Marketing que fiz para atraí-lo para minhas linhas. Se você comprar ouro, baseado nas razões que farei desfilar no texto desta crônica, o Federal Reserve não garante nada.

Aliás, nem precisa. A coisa tem tudo para acontecer baseada em fundamentos próprios.

O que irá fazer com que sua operação dê lucro serão as atitudes que, julgo eu, o Federal Open Market Committee – FOMC –, órgão que define as taxas básicas de juros nos Estados Unidos, irá tomar nos próximos meses e anos.

No momento em que redijo esta coluna (16:35 de quinta-feira, 25 de junho) a onça troy do ouro spot está cotada a US$ 1.772,20 em Nova York. Estamos testemunhando os preços máximos de todos os tempos (desconsiderando-se a inflação americana).

Como quem lê meus trabalhos há bastante tempo sabe, gosto de indicar compras quando o mercado faz novos highs históricos.

Não só se trata de um momento em que ninguém que comprou aquele ativo está perdendo, mas para que uma cotação suba desse modo tem de haver um motivo forte.

É o que está acontecendo com o ouro.

Só a título de ilustração, vou dar três exemplos de papéis negociados em Bolsa. Mesmo quem os adquiriu quando romperam novas máximas, lavou a égua.

Esse pessoal encheu as burras de dinheiro. Enricou.

Vamos lá: Microsoft, Apple, Magalu.

Com as commodities e outros ativos acontece a mesma coisa.

As grandes altas do ouro costumam ser lastreadas em dois fundamentos básicos: taxas de juros (nominais e/ou reais) negativas e fraqueza do dólar. Isso porque estou falando na cotação do vil metal (desculpem o clichê) na moeda americana.

Das duas condicionais acima, no momento prevalece apenas a primeira: juros negativos. Isso em quase todo o mundo.

Ah, já ia me esquecendo. O medo também exerce grande influência no preço do ouro.

Durante a Grande Depressão, época em que falência de banco era não mais do que notícia de página do meio nos jornais, a onça subiu de US$ 20,63 (1929) para US$ 34,42 (1939), uma alta de 66,84%.

Bandeira dos EUA
“Nos Estados Unidos, as autoridades monetárias estão também recomprando seus próprios títulos no mercado”, afirma o colunista (Imagem: Pixabay)

Isso numa década na qual a deflação era quase uma constante.

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Na média de todos os preços, algo que valia US$ 10,00 em janeiro de 1931 caiu para US$ 8,18 em dezembro de 1939.

Há uma razão acima de todas pela qual recomendo a compra de ouro. Desde o início da crise do coronavírus, os bancos centrais e os governos vêm imprimindo dinheiro sem parar, para salvar a economia semiparalisada.

Nos Estados Unidos, as autoridades monetárias estão também recomprando seus próprios títulos no mercado e agora se dispõem a adquirir papéis de empresas privadas. Tais como debêntures, por exemplo.

Trocando em miúdos: há uma chuva de dólares, euros, ienes, libras esterlinas, reais, etc.

Obviamente, as mineradoras de ouro não têm como acompanhar esse movimento. Procurar novas jazidas, ou reabrir as que se tornaram deficitárias, leva tempo. E o resultado é apenas um aumento residual na produção do metal.

Mais cedo ou mais tarde, essa inundação monetária se transformará em inflação. Ou melhor, estagflação, já que o PIB mundial levará anos para voltar aos níveis pré-pandêmicos.

Nessa oportunidade, dificilmente o FED irá adotar uma postura hawkish (contracionista), temendo uma depressão.

Poderemos ter uma repetição do que aconteceu na década de 1970. Em 1979, por exemplo, a inflação chegou a dois dígitos nos Estados Unidos (13,3%), pegando o Federal Open Market Committee no contrapé.

Naquele momento, a taxa básica era de “apenas” 13% ano.

Não por acaso, a estagflação dos Anos Setenta, combinada com juros negativos, causou um dos maiores bull markets do ouro de todos os tempos. O preço da onça subiu de US$ 36,56 (junho de 1970) para US$ 643,46 (julho de 1980).

Ou seja, um aumento percentual de 1.660%.

Se, daqui a algum tempo, entrarmos em um cenário de taxas negativas com inflação alta, o ouro poderá subir muito. Muito mesmo. Não digo que será na mesma proporção dos anos 1970. Mas, de qualquer modo, em Wall Street, a Comex será cenário de um cemitério de ursos dourados.

A onça troy poderá bater 3 mil, 4 mil ou até 5 mil dólares. You name it.

Será não mais do que um replay de um filme antigo, que assisti quando tinha meus trinta e muitos anos.

Aproveito para indicar a leitura do livro “Ivan: 30 Lições de Mercado”  de minha autoria. Você pode ter adquirir as verdades mais importantes que TODO investidor deve saber, clique aqui.

Um grande abraço,

Ivan Sant’Anna

Trader e Escritor
Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Nas newsletters “Os Mercadores da Noite” e “Warm Up Inversa”, Ivan dá sugestões investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.
Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Nas newsletters “Os Mercadores da Noite” e “Warm Up Inversa”, Ivan dá sugestões investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.
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