Japão diz que investimentos nos EUA previstos no acordo comercial dependerão dos benefícios para o próprio país

Os US$ 550 bilhões em investimentos prometidos aos Estados Unidos no acordo comercial firmado no mês passado serão determinados com base nos benefícios que também trarão ao Japão, disse nesta terça-feira (5) Ryosei Akazawa, principal negociador tarifário do país asiático.
Os comentários de Akazawa vieram após o presidente dos EUA, Donald Trump, em entrevista ontem à CNBC, comparar o investimento prometido pelo Japão a um “bônus de assinatura que um jogador de beisebol receberia”, acrescentando que “esse é o nosso dinheiro. É o nosso dinheiro para investir como quisermos”.
O governo norte-americano fechou um acordo comercial com o Japão estabelecendo uma redução nas tarifas sobre produtos japoneses, incluindo automóveis, para 15%, em troca de um pacote de US$ 550 bilhões em investimentos e empréstimos destinados aos EUA.
- Junte-se à comunidade de investidores do Money Times para ter acesso a reportagens, coberturas, relatórios e mais; veja como
Falando a repórteres ao chegar em Washington, Akazawa descreveu o pacote financeiro como “um compromisso de investir nos EUA onde também haja benefícios para o Japão”, como por exemplo, para construir cadeias de suprimentos em áreas ligadas à segurança econômica.
“Pelo menos, não podemos cooperar com nada que não beneficie o Japão,” disse Akazawa, em sua primeira visita aos EUA desde a assinatura do acordo.
No entanto, Akazawa reconheceu que Trump terá um papel significativo na definição dos projetos a serem priorizados, já que os recursos serão aplicados dentro dos Estados Unidos, e sua intenção de construir uma cadeia de suprimentos local será levada em consideração.
“Não é aceitável ignorar as intenções dos EUA,” acrescentou.
Durante sua visita, Akazawa pretende pressionar autoridades americanas pela implementação rápida da redução nas tarifas de importação de automóveis japoneses.
Ele também disse que pedirá explicações sobre o problema da “acumulação” (“stacking”), no qual produtos podem ser afetados por múltiplas tarifas sobrepostas.
Um documento do Federal Register anexado à ordem executiva de Trump de 31 de julho, que tratava das tarifas para vários parceiros comerciais, mostrou que uma condição de “não acumulação” se aplica à União Europeia, mas nenhuma menção semelhante foi feita ao Japão.
“Isso é diferente do que ouvimos por parte dos EUA,” disse Akazawa. “Vamos solicitar que o conteúdo acordado seja implementado”.