JBS (JBSS3) tem forte queda mesmo com salto de mais de 77% no lucro no 1T25; o que derruba as ações?

As ações da JBS (JBSS3) operam entre as maiores quedas do Ibovespa (IBOV) nesta quarta-feira (14), em reação aos números do primeiro trimestre de 2025 (1T25).
Na mínima do dia, JBSS3 caiu 7,11%, figurando como a segunda maior queda do principal índice da bolsa brasileira. Ao longo do pregão, o papel reduziu as perdas e encerrou com baixa de 3,67%, a R$ 39,35.
A companhia reportou um lucro líquido de R$ 2,923 bilhões no 1T25, um crescimento de 77,6% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado (1T24).
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado do frigorífico somou R$ 8,929 bilhões, um avanço de 38,9% na base anual.
- Confira os números do balanço em detalhes em: JBS (JBSS3) vê lucro crescer 77,6% no 1T25, para R$ 2,923 bilhões
O que desagradou os analistas?
Embora os analistas avaliaram o balanço como “sólido”, em linha com as expectativas e sem surpresas, a geração de caixa pesa nas ações.
O fluxo de caixa ficou negativo em R$ 4,9 bilhões no primeiro trimestre, devido à sazonalidade do capital de giro e ao pagamento de impostos — e foi considerado o principal fator negativo pelos analistas do BTG Pactual.
A XP também avaliou a queda nas margens da carne bovina como um fator de preocupação.
“A JBS Brasil contraiu mais do que o esperado e a margem Ebitda ajustada de US beef foi de -1,8%, levantando a questão de quão baixas às margens podem chegar ou quão pequena essa unidade de negócios poderia se tornar”, afirmaram os analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak.
Já os analistas do Bradesco BBI afirmaram que as operações de carne bovina nos Estados Unidos e Brasil apresentaram margens menores, mas não abaixo das expectativas.
“Embora as margens de carne bovina dos EUA tenham se deteriorado, não achamos que tenham ficado abaixo das expectativas após a divulgação dos resultados da Tyson Foods e, mais uma vez, serviram para provar como um ciclo bovino negativo nos EUA também deve beneficiar as outras unidades de negócios da JBS”, escreveram os analistas do banco em relatório.
Para o Goldman Sachs, a JBS apresentou “outro conjunto consistente de resultados”, com a Pilgrim’s e a Seara alcançando seus melhores níveis de rentabilidade em 10 trimestres, dentro do esperado
O BTG Pactual também destacou que a performance positiva foi sustentada pelos segmentos de frangos e suínos, especialmente Seara, que atingiu margem Ebitda “recorde” de 19,8%.
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O que fazer com JBSS3 agora?
Os bancos reiteraram a recomendação de compra para JBSS3 com a dupla listagem da companhia no radar.
Os analistas do BTG Pactual veem um potencial de expansão dos múltiplos com o IPO nos EUA, mesmo com as margens revertendo a média histórica no 1T25. Para eles, as ações também estão ‘baratas’ em relação aos demais pares.
Nas contas do banco, a ação negocia a 5,4 vezes a relação valor de mercado sobre o Ebitda (EV/Ebitda), abaixo de Tyson — que negocia a 7,6 vezes EV/Ebitda — e PPC — que negocia a 6,8 vezes.
Os analistas do Bradesco BBI também compartilham a mesma visão. “Vemos a história das ações da JBS agora muito mais ligada à reclassificação de múltiplos que deve ser desencadeada após a listagem das ações nos EUA do que apenas pelo impulso dos lucros”, escreveram Henrique Brustolin e José Rosalen.
Já o Goldman Sachs avalia um conjuntos de fatores favoráveis à compra das ações:
- um algoritmo de crescimento estável: a população global deve crescer em média 0,7% a.a. até 2050);
- opções para alocação de capital agregadora: “prevemos que a JBS pode gerar fluxos de caixa livre agregados equivalentes a 26% de seu valor de mercado nos próximos 3 anos” e
- um valuation barato
Confira a recomendação de JBS que o Money Times teve acesso:
Banco | Recomendação | Preço-alvo |
BTG Pactual | Compra | R$ 48,00 |
Goldman Sachs | Compra | R$ 54,20 |
Santander | Compra | R$ 58,00 |
XP | Compra | R$ 50,00 |