JBS (JBSS3) vai reforçar diversificação diante de questões tarifárias, diz CEO

Questões tarifárias e geopolíticas do mundo atual mostram que a JBS (JBSS3), maior produtora global de carnes, está no caminho certo em sua estratégia de diversificar por regiões e proteínas. E isso deve ser reforçado em um contexto em que a carne bovina do Brasil recebe uma taxa de 50% do governo dos Estados Unidos, disse o CEO da companhia, nesta segunda-feira (11)
“Essa estratégia de diversificação foi construída pensando nos ciclos de commodities, pensando nos problemas sanitários, geopolíticos e nos problemas tarifários. Quando vejo isso acontecendo, vejo que temos de reforçar ainda mais esta plataforma, temos de enfatizar, crescer mais, diversificar mais…”, disse Gilberto Tomazoni, durante congresso da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).
Segundo ele, esta é a única forma de uma empresa que tem 280 mil trabalhadores se manter crescendo mesmo com dificuldades.
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Diante de um problema em um segmento em determinado país, se o caixa é afetado, outra região da companhia pode compensar e gerar investimentos, exemplificou ele.
“Vejo que tomamos uma decisão acertada lá atrás”, afirmou Tomazoni, referindo-se à estratégia da JBS.
Durante o evento, ele não detalhou os impactos das tarifas dos EUA que afetam também a carne bovina do Brasil, maior exportador global de carne bovina.
A JBS tem a maior parte de suas receitas provenientes da operação nos EUA, mas a empresa também tem importantes plataformas no Brasil e Austrália, entre outros países, como o México.
JBS enfrenta barreiras ambientas
O executivo afirmou que a pecuária do Brasil enfrenta desafios que vão além das tarifas dos EUA, como as normas ambientais da União Europeia sobre emissões de metano na pecuária, as quais estão erradas, na avaliação do CEO.
“Obviamente essas regulações… estamos falando aqui de tarifas, mas tem outras barreiras que às vezes são mais importantes em impedir que você venda do que propriamente as tarifas em alguns casos”, disse.
Ele citou que tais normas podem ser consideradas um protecionismo.
Tomazoni apontou para um “caso simples” que afeta profundamente o negócio da JBS, que é a “questão” de como a União Europeia faz o calculo das emissões de carbono da pecuária.
“Está errado, eles simplesmente só contemplam emissões, não contemplam as capturas, o ruminante é um animal extraordinário, pega carbono e fibras e transforma em proteínas, se a fibra que ele comeu, a gramínea fez fotossíntese, pegou carbono do ar, sequestrou carbono na folha, estocou no solo nas raízes…”, afirmou.
Ele admitiu que o metano emitido na pecuária “polui”, mas disse que os dejetos dos animais podem ser utilizados com fertilizantes, dentro de um processo de uma economia circular sustentável.
Tomazoni destacou os sistemas de integração lavoura, pecuária e floresta no Brasil, que também capturam carbono.
O presidente da JBS disse que o Brasil deverá levar tais exemplos para serem discutido na COP30, para que importadores como os europeus possam reconhecer as potencialidades do Brasil como produtor de bioenergia e alimentos.