JBS (JBSS32): CEO afirma que ainda é difícil calcular impactos do tarifaço
Para a JBS (JBSS32), ainda é cedo para calcular os impactos que o tarifaço trará para a companhia. De acordo com o CEO Global da companhia, Gilberto Tomazoni, é necessário aguardar para ver como as cadeias produtivas irão se assentar.
“A JBS, como um todo, não tem impacto material. Estamos em 20 países com unidades produtoras. Mas aqui no Brasil, algumas fábricas são muito mais afetadas”, comenta Tomazoni.
O executivo falou durante evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que reuniu executivos e autoridades brasileiras para discutir a nova situação das relações comerciais.
O executivo explica que se as tarifas forem mantidas, as vendas das plantas brasileiras para os Estados Unidos tendem a cair. “As 200 mil toneladas do primeiro semestre vão cair, mas alguém vai fornecer, a demanda está lá”, menciona.
A visão do CEO global da JBS é de que os Estados Unidos podem deixar no mercado interno parte da produção brasileira. Ou seja, parte da carne produzida ficará no Brasil, enquanto outros países ocuparão a demanda norte-americana.
“Mas se isso acontecer, o provável é que o Brasil ganhará no futuro espaço nos mercados que ficarão desabastecidos pelo fornecimento desses outros países aos EUA”, debate.
JBS de olho em investimentos nos Estados Unidos
De qualquer forma, a visão da JBS é de que o mercado de proteína continuará crescendo, acompanhando a demografia e a alta da renda.
“E por isso nós continuaremos a investir para fazer frente à crescente demanda, sendo que os Estados Unidos são um dos nossos focos. Nós temos 75 mil colaboradores no país e já anunciamos US$ 800 milhões em investimentos, em quatro fábricas, no primeiro semestre”, lembra.
Tomazoni espera que a companhia terá um re-rated em suas dívidas após a recente listagem na Nyse. “Ao nos compararmos com empresas dos EUA, temos posição favorável de caixa e endividamento. E, ao compararmos os múltiplos, estamos atrás. Vemos isso se resolvendo e enxergamos que a mudança vai nos dar a oportunidade de financiar nosso crescimento”, explica.
A JBS vai continuar, segundo o CEO, a diversificar seus negócios. Mais do que o perigo da guerra comercial, ele lembra que a companhia já faz, há tempos, movimentações do tipo para evitar questões particulares do próprio setor.
“As tarifas são conjunturais. Diversificamos em geografias e proteínas para fazer frente ao ciclo natural do negócio, bem como a questões sanitárias, por exemplo”, explica.
“De qualquer forma, a diversificação nos permite gerenciar fluxos. E é claro que vamos investir também no Brasil, porque tanto o Brasil quanto os EUA têm vantagens competitivas importantes”.