Michelle Bolsonaro

Joias com diamantes para Michelle Bolsonaro; veja o que diz a lei

06 mar 2023, 16:15 - atualizado em 06 mar 2023, 16:15
Michelle Bolsonaro
Joias para Michelle Bolsonaro seriam um presente do governo da Arábia Saudita (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

O governo Jair Bolsonaro tentou trazer, de forma irregular, joias avaliadas em R$ 16,5 milhões para o Brasil. As joias, que seriam um presente da Arábia Saudita para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, foram apreendidas pela Receita Federal em outubro de 2021.

O caso, que foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, aconteceu no aeroporto de Guarulhos. Na ocasião, as joias foram encontradas na mochila de um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e apreendidas por falta de declaração.

Nesta segunda-feira (6), a Receita Federal ainda informou, em nota, que vai investigar se outras joias entraram irregularmente no país no mesmo período. Confira abaixo o que diz a legislação brasileira sobre o “caso das joias de Michelle”.

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O que diz a legislação aduaneira?

A legislação aduaneira, que regula os procedimentos de controle e fiscalização das mercadorias e veículos que entram e saem do País, estabelece que qualquer bem com valor acima de US$ 1 mil deve ser declarado.

A determinação vale para qualquer pessoa, independentemente de ocupar cargo ou função pública.

Além disso, a legislação define que todo viajante que traga ao país bens pertencentes a terceiros — como o caso do assessor do ministério de Minas e Energia — deve declará-los na chegada, independentemente do valor.

Já para entrar no Brasil com mercadorias que ultrapassem US$ 1 mil é necessário pagar um tributo de importação equivalente a 50% do valor excedente.

Caso o produto seja omitido é cobrado multa de 50% do valor da mercadoria, reduzida pela metade no caso de pagamento em 30 dias.

Como fica nos casos de presentes para o Estado brasileiro?

Segundo a Receita Federal, caso o agente público deixe de declarar a mercadoria como pertencente ao Estado Brasileiro, é possível a regularização da situação, mediante comprovação da propriedade pública, e regularização da situação aduaneira.

No entanto, isso não aconteceu no caso das joias apreendidas no aeroporto de Guarulhos. Não havendo regularização, os bens são tratados como itens pessoais.

Como também não houve o pagamento da multa e do tributo é possível, em tese, que as joias sejam levadas a leilão, sendo que 40% do recurso arrecadado é destinado à seguridade social e o restante ao Tesouro.

Governo Bolsonaro contraria entendimento do TCU

O fato do governo de Jair Bolsonaro não ter declarado as joias como bem público contraria um entendimento fixado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 2016.

Na ocasião, o órgão concluiu, com base no princípio constitucional da moralidade, que presentes recebidos pelo chefe do Executivo devem ser incorporados ao patrimônio público, com exceção de itens de uso pessoal ou de caráter personalíssimo.

“Imagine-se a situação de um chefe de governo presentear o presidente da República do Brasil com uma grande esmeralda de valor inestimável, ou um quadro valioso. Não é razoável pretender que (…) possam incorporar-se ao patrimônio privado do presidente da República, uma vez que ele os recebe nesta pública qualidade”, escreveu o ministro relator do caso, Wallton Alencar.

Repórter
Jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com extensão em jornalismo econômico pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Colaborou com Estadão, Band TV, Agência Mural, entre outros.
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Jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com extensão em jornalismo econômico pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Colaborou com Estadão, Band TV, Agência Mural, entre outros.
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