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JPMorgan aceita 0,28% de comissão do BNDES para vender Suzano

15 set 2020, 8:54 - atualizado em 15 set 2020, 8:54
JPMorgan
O JPMorgan e o BNDES não quiseram comentar (Imagem: REUTERS/Lucy Nicholson)

O JPMorgan Chase venceu uma guerra de preços para liderar a transação de venda da fatia do banco de desenvolvimento BNDES na produtora de papel e celulose Suzano (SUZB3), disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

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O banco com sede em Nova York aceitou comissão de 0,28% do total do negócio para se tornar o líder na oferta na qual o BNDES pretende vender 11% das ações ordinárias da Suzano, disseram as pessoas, pedindo para não ser identificadas porque as comissões não são públicas.

Os outros quatro bancos que também coordenam a oferta irão dividir essa receita, de acordo com as pessoas. Ao preço de mercado de sexta-feira, a venda totalizaria R$ 6,8 bilhões, com comissão de cerca de R$ 19 milhões.

O JPMorgan e o BNDES não quiseram comentar.

O governo do presidente Jair Bolsonaro está vendendo ativos com o objetivo de diminuir o papel do Estado na economia, e o BNDES está pressionando os bancos de investimento a aceitar receitas menores em suas enormes transações de venda de ações.

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Às vezes o BNDES até promove leilões reversos para forçar a redução das comissões, disseram as pessoas. Os executivos dos bancos de investimento reclamam, mas acabam aceitando participar das operações, pois elas melhoram seu relacionamento com o governo e ajudam seus bancos a ganhar posições em rankings.

Um negócio tão grande quanto a venda da Suzano pelo BNDES ajudaria o JPMorgan a subir no ranking de coordenadores de transações de ações no Brasil, no qual o banco está em oitavo lugar neste ano até sexta-feira, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Em 3 de setembro, a Suzano informou que o BNDES comunicou à empresa que contratou o JPMorgan como coordenador líder da transação, que também tem no consórcio de coordenadores o Bank of America, o Banco Itaú BBA, o Banco Bradesco BBI e a XP Investimentos Corretora de Câmbio Títulos e Valores Mobiliários. A transação está sujeita a condições favoráveis ​​de mercado, conforme o BNDES.

Às vezes o BNDES até promove leilões reversos para forçar a redução das comissões, disseram as pessoas (REUTERS/Sergio Moraes)

Em 31 de agosto, o BNDES detinha 150.217.425 de ações ordinárias da Suzano, representando cerca de 11,03% do total de ações ordinárias de emissão da companhia, segundo o comunicado.

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O total de oferta de ações de empresas brasileiras atingiu R$ 95,7 bilhões neste ano até sexta-feira, 44,5% a mais que no mesmo período do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. As transações feitas pelo BNDES representam 30,25% desse total, mostram os dados.

No início do ano, o Credit Suisse venceu uma guerra de preços pela maior venda de ações do Brasil em uma década, depois de oferecer ao BNDES as menores comissões da história.

O banco suíço ficou em primeiro lugar na venda de fatia do BNDES de R$ 24,2 bilhões na Petrobras. Em uma batalha de duas rodadas, o Credit Suisse aceitou comissão de 0,2% do valor do negócio para dividir com sete bancos, disseram as pessoas na época.

Em comparação, a gigante do petróleo pagou 1,4% aos bancos para vender R$ 8,56 bilhões em ações da BR Distribuidora em julho do ano passado, segundo documentos da empresa. A XP, maior corretora do Brasil, pagou aos bancos 4,25% por sua oferta pública inicial de US$ 2,25 bilhões em dezembro.

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Os bancos normalmente aceitam comissões mais baixas por ofertas subsequentes de ações em comparação com ofertas iniciais, porque os investidores já estão familiarizados com a empresa ofertante.

Transações do governo brasileiro também costumam pagar menos. Mas alguns banqueiros argumentam que nem sempre promover uma guerra de preços é uma forma de conseguir sair com uma transação melhor.

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bloomberg@moneytimes.com.br