‘Juros estão altos demais e não há razão para isso’, afirma Luiza Trajano, do Magazine Luiza (MGLU3)
“Os juros estão altos demais e não há razão para isso”, vê Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza (MGLU3). Durante coletiva de imprensa que antecipa a inauguração da Galeria Magalu realizada nesta segunda-feira (8), a empresária reforçou a mensagem que defende há tempos: a Selic precisa cair.
“Pode economista me criticar. Eu estou falando isso em todo lugar porque quem está com problema é a pequena e média empresa. Eu já fui pequena. É a pequena empresa que gera emprego e que sofre […] É porque a colocaram a [meta de] inflação em 3% e ficam buscando isso acima de tudo. Então aumenta essa inflação para 4%”, defendeu.
Atualmente, a meta perseguida pelo Banco Central (BC) é de 3% com margem de 1,5 ponto percentual.
Trajano defende expressivamente a queda dos juros desde o Banco Central sob o comando de Roberto Campos Neto. Antes de deixar a presidência do BC, Campos Neto deixou contratadas altas expressivas na Selic, que, em complemento com o trabalho inicial do sucessor Gabriel Galípolo, colocaram os juros no patamar de 15%.
Para Frederico Trajano, CEO do Magalu, não há problemas para a varejista no que diz respeito a demanda e a geração de receita. A dificuldade se encontra na conversão da receita em resultado, uma vez que o juro real vem elevando a despesa financeira.
“Vender não é o problema. Converter a venda em resultado é o desafio para o país que tem a taxa de juros real mais alta do mundo, mesmo com a inflação controlada”, disse o CEO, acrescentando que o cenário também dificulta esacalar os investimentos.
Para 2026, o executivo tem a perspectiva de mais um ano com demanda aquecida. No entanto, eles enxergam o juro ainda alto se não houver consenso para acelerar o ciclo de cortes, o que, na visão do CEO do Magalu, “já passou da hora de acontecer”.
“O [início do] corte devia acontecer em janeiro e encerrar abaixo de 11% no próximo ano”, disse.
Apesar do reconhecido impacto da Selic elevada no consumo discricionário e na conversão de resultados para o Magalu, Luiza Trajano destacou o histórico da varejista, que iniciou apenas com lojas físicas na região de Franca na década de 50 e enfrentou crises e mudanças no setor.
“Ninguém está esperando que baixem 5% [de uma vez], mas esperamos um sinal [de queda] e eu tenho falado em todo lugar que está muito alto”.
Galeria Magalu
O Magazine Luiza inaugura amanhã a Galeria Magalu, localizada na Avenida Paulista, no icônico ponto do Conjunto Nacional anteriormente ocupado pela Livraria Cultura.
De acordo com Frederico Trajano, o ponto físico representa a materialização do ecossistema do Magazine Luiza ao reunir as cinco lojas que o compõem: Magazine Luiza, KaBuM!, Netshoes, Época Cosméticos e Estante virtual.
Há vários trimestres a varejista vem apontando a diversificação de seu ecossistema como o pilar para navegar pelo cenário de juros altos. Vale pontuar que o Magalu, além de sua principal frente no varejo, conta hoje com outros divisões, como o Magalulog (logística), Magalu Cloud (serviço de nuvem), Magalupay (financeira), entre outros.
Frederico e Luiza Helena Trajano destacaram a força da loja física do Magazine Luiza, com a mensagem de união entre essa frente com o digital para a expansão da varejista.
A loja física ocupa conta com mais de 4 mil metros e 150 marcas presentes.