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Juros futuros sobem com cautela fiscal e novas ameaças tarifárias de Trump

10 out 2025, 18:03 - atualizado em 10 out 2025, 18:03
Juros Futuros
(Imagem: inkdrop)

As taxas dos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta nesta sexta-feira (10), em especial entre os contratos com prazos mais longos, com a curva a termo refletindo receios dos investidores com a política fiscal brasileira e as novas ameaças tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump, à China.

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No fim da tarde, em meio à disparada do dólar para R$ 5,50, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,41%, em alta de 1 ponto-base ante o ajuste de 13,4% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2029 marcava 13,4%, ante o ajuste de 13,343%.

Entre os contratos longos, o contrato para janeiro de 2035 tinha taxa de 13,805%, em alta de 9 pontos-base ante 13,719%.

O que mexeu os DIs hoje?

A sexta-feira (10) foi, na visão de alguns analistas, uma espécie de “tempestade perfeita” para os ativos brasileiros, com notícias negativas vindas tanto do Brasil quanto do exterior.

Internamente, o arquivamento pelo Congresso na quarta-feira (8) da Medida Provisória (MP) 1.303, que tratava da taxação de aplicações, seguia dando suporte à curva, em meio a leitura de que o desfecho foi negativo para o esforço do governo de equilibrar as contas.

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A MP teria impacto fiscal de R$ 14,8 bilhões em 2025 e de R$ 36,2 bilhões em 2026, considerando as novas receitas previstas e os cortes de despesas, conforme o Ministério da Fazenda.

Durante evento de lançamento de um novo modelo de crédito imobiliário, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a criticar a rejeição da MP sobre taxação, reiterando o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal.

No mesmo evento de São Paulo, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, reforçou o compromisso da instituição com a busca da meta contínua de inflação, de 3%. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo espera que no fim de 2026 as condições de política monetária “estejam substancialmente diferentes das atuais”.

Durante a manhã, o mau humor dos investidores se intensificou após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo indicar que o pacote de medidas do governo para 2026 poderia somar R$ 100 bilhões, sem que as receitas estejam garantidas.

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Na conta entram medidas como a ampliação da isenção do Imposto de Renda, a distribuição de gás de cozinha, a isenção nas contas de energia para uma parcela das famílias e o pagamento de bolsas para estudantes — todos programas já anunciados anteriormente pelo governo e previstos no projeto orçamentário para o próximo ano.

Ainda que não haja novas medidas, os agentes demonstravam preocupação de que o ano de 2026 seja marcado por ações para impulsionar a reeleição de Lula, com impacto negativo para as contas públicas.

Perto do fechamento da sessão a curva brasileira precificava em 97% a probabilidade de manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, no início de novembro.

De olho no exterior

Para piorar o cenário, perto do meio-dia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou aumentar as tarifas comerciais contra a China e cancelar uma reunião planejada com o presidente chinês, Xi Jinping.

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Ele acusou a China de manter a economia global refém, depois que o país asiático expandiu drasticamente seus controles de exportação de terras raras, na quinta-feira.

“O mercado brasileiro entrou em pânico pouco antes do [fator] global. Mas depois da notícia de que Trump pensa em aumentar as tarifas da China, a curva abriu e o dólar foi mais para cima”, disse a analista Laís Costa, da Empiricus Research.

“O Brasil opera China”, acrescentou, em referência ao impacto da fala de Trump sobre os ativos brasileiros.

Neste cenário, na ponta longa da curva — onde geralmente a atuação dos investidores estrangeiros é maior —, a taxa do DI para janeiro de 2035 marcou a máxima de 13,935% às 14h08, em alta de 22 pontos-base ante o ajuste da véspera.

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Até o encerramento da sessão regular as taxas desaceleraram os ganhos, mas ainda assim terminaram no positivo na maior parte dos vencimentos.

O movimento era contrário ao dos Treasuries, cujos rendimentos cediam em meio à busca pela segurança dos títulos norte-americanos. Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — despencava 10 pontos-base, a 4,051%.

*Com informações de Reuters

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