Kepler Weber (KEPL3) espera crescer dois dígitos em negócios na Agrishow; ‘50% do faturamento vem de novos produtos’, diz CEO

A Kepler Weber (KEPL3) realizou dois lançamentos durante a Agrishow. Entre eles, a KW Select, nova máquina de limpeza de grãos com alta capacidade operacional, e a CTF Carretel, correia transportadora fechada projetada para tornar o transporte de grãos mais eficiente, seguro e sustentável.
O CEO da companhia, Bernardo Nogueira, disse ao Money Times que 50% do faturamento atual da Kepler vem de produtos lançados nos últimos 5 anos, um recorde para a empresa. Entre os desafios citados pelo produtor na feira, ele menciona o preço da soja, em patamares pré-pandemia, e os juros altos.
“Os juros, para todo o segmento do agronegócio, é um vento contrário, e a gente precisa trabalhar com muito mais eficiência, apesar desses desafios. Mesmo diante disso, o setor demonstra resiliência. A cada 5 ou 10 anos temos momentos como esse, e quando a gente olha a história, o agronegócio cresceu 5,7% em média ao ano nos últimos 20 anos”.
- VEJA TAMBÉM: Confira tudo o que está movimentando o agronegócio brasileiro com a cobertura especial do Agro Times; cadastre-se aqui
Os problemas de armazenagem e expectativas de negócios na Agrishow
A armazenagem é um gargalo estrutural do Brasil, com o país convivendo com um déficit de 120 milhões de toneladas. Para ele, o tema passou de necessário para crítico nos últimos 5 a 6 anos.
“Neste momento que o preço da soja recuou em relação aos últimos 3 anos, os juros aumentaram, muitos segmentos da agricultura frearam, diminuíram a demanda, mas não vimos esse freio para armazenagem. O setor como um todo vêm investindo, o que apertou a nossa margem, já que toda a cadeia está buscando eficiência, atrás de descontos e fazer mais com menos”.
Mesmo com a menor margem, Nogueira afirma que o número de unidades vendidas foi recorde em 2024 e a expectativa é que 2025 supere o ano anterior. Nesta Agrishow, a Kepler Weber espera crescer dois dígitos em negócios na comparação com o ano passado.
O resultado da Kepler Weber no 1T25
Nesta semana, a empresa reportou uma queda de 51% no lucro líquido do primeiro trimestre de 2025 (1T25) na comparação com o mesmo trimestre de 2024, que ficou em R$ 25,6 milhões.
“Reportamos uma margem Ebitda de 14,8%. Muitos acham ruim, porque reportamos 23,8% no mesmo período do ano passado. Mas quem entende o nosso negócio e que sabe que ele é muito influenciado pelo preço da soja, que no final das contas é o oxigênio do agronegócio brasileiro e a rentabilidade do agro, viu os números como excelentes. A soja e os juros são os dois elementos que mais influenciam a nossa margem ao longo dos anos”.
Nogueira explica que na última vez que os juros e o preços da soja estavam nos patamares atuais, entre 2015 e 2016, a margem Ebitda da Kepler foi zero. “Saímos de um Ebitda de menos de 5% para 15%. Mesmo num momento de piora do ciclo, a gente está com um resultado muito positivo”.
Quanto ao Programa de Construção de Armazéns (PCA) do Plano Safra, o CEO acredita que a disponibilidade de recursos poderia melhorar. Ele comenta que a empresa foi a maior pagadora de dividendos no agronegócio no ano passado, algo mantido neste primeiro trimestre de 2025.