Justiça

Lava Jato prende filho de ex-ministro Lobão por suspeita de propina em Belo Monte e na Transpetro

10 set 2019, 15:43 - atualizado em 10 set 2019, 15:43
Ex-ministro e ex-senador Edison Lobão
Edison Lobão, ex-senador pelo MDB, foi ministro de Minas e Energia nos governos Dilma e Lula (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira o filho do ex-ministro de Minas e Energia e ex-senador Edison Lobão, Márcio Lobão, por suspeita de recebimento de cerca de 50 milhões de reais em propina em obras da Transpetro, subsidiária de Petrobras, e da hidrelétrica de Belo Monte, em mais uma fase da operação Lava Jato, informou o Ministério Público Federal (MPF).

A propina teria sido paga pela Odebrecht e pelo Grupo Estre entre 2008 e 2014, com pagamentos em espécie realizados em escritório de advocacia no Rio de Janeiro ligado à família Lobão, de acordo com comunicado do MPF, que disse ter obtido depoimentos de colaboradores, registros de ligações e reuniões entre os investigados e registros em sistemas de controle de propinas.

“As medidas cautelares cumpridas hoje também objetivam aprofundar possíveis operações de lavagem de dinheiro capitaneadas por Márcio Lobão”, disse o MPF em comunicado, acrescentando que no período foi possível verificar um incremento de patrimônio de Márcio Lobão superior a 30 milhões de reais.

“O esquema investigado inclui aquisição e posterior venda de obras de arte com valores sobrevalorizados, simulação de operações de venda de imóvel, simulação de empréstimo com familiar, interposição de terceiros em operações de compra e venda de obras de arte, e movimentação de valores milionários em contas abertas em nome de empresas offshore no exterior.”

Os procuradores acrescentaram que a operação também cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de galeria de arte e de agentes financeiros que atuavam perante bancos, a exemplo do Julius Bär, gerindo contas de Márcio Lobão no exterior.

Além da investigação que envolve a participação da Odebrecht em fraudes na construção de Belo Monte, a ação deflagrada nesta terça-feira também investiga benefícios em mais de 40 contratos, com valor total de cerca de 1 bilhão de reais, celebrados pelas empresas Estre Ambiental, Pollydutos Montagem e Construção, Consórcio NM Dutos e Estaleiro Rio Tietê, afirmou o MPF.

A Odebrecht, que fechou acordo de leniência em que reconheceu ter cometido irregularidades, disse em nota oficial que tem colaborado com as autoridades “de forma permanente e eficaz, em busca do pleno esclarecimento de fatos do passado”, e que hoje é uma “empresa transformada” e comprometida com uma atuação ética, íntegra e transparente.

A Transpetro disse, também por meio de nota, que vem apurando denúncias de irregularidades envolvendo os citados na operação e que todas as informações obtidas são encaminhadas ao Ministério Público Federal e demais órgãos competentes. “A Transpetro reitera que é vítima nestes processos e presta todo apoio necessário às investigações da operação Lava Jato”, afirmou.

A Estre Ambiental afirmou em comunicado que tem colaborado e prestado os esclarecimentos necessários às autoridades responsáveis pela elucidação do caso. Não foi possível fazer contato com as outras empresas citadas.

De acordo com a Polícia Federal, foram expedidos no total 11 mandados de busca e apreensão e 1 mandado de prisão preventiva nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília no âmbito da operação Galeria, a 65ª fase da Lava Jato.

Procurado pela Reuters, o advogado de Márcio Lobão não respondeu de imediato a um pedido de comentário. Também procurado, o advogado do ex-ministro Lobão disse apenas que não tem conhecimento de busca e apreensão contra seu cliente na operação desta terça-feira.

Edison Lobão, ex-senador pelo MDB, foi ministro de Minas e Energia durante os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

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