Legado da “nova matriz econômica” fica para trás e Brasil mira recuperação no primeiro trimestre
O PIB do Brasil em 2016 (-3,6%) foi aterrorizante, mas dentro do esperado. A recessão, que chegou ao oitavo trimestre consecutivo, se tornou a mais longa da história. Mais do que pensar no que passou, os economistas agora de debruçam sobre os números revelados pelo IBGE e sobre como eles podem ajudar a dar pistas sobre como se dará a esperada recuperação econômica de 2017.
“A retração da atividade econômica no quarto trimestre ainda é legado da administração anterior cujo conjunto de decisões macroeconômicas equivocadas foram sintetizadas na autodenominada ‘nova matriz macroeconômica’”, ressalta o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira. Ainda assim, o “presentinho” desse legado é a herança estatística de -1,1% para este ano.
Ou seja, mesmo que em todos os trimestres o crescimento seja nulo a economia em 2017 terá contração de -1,1%, lembra Oliveira. Mas, segundo as projeções do mercado, este não deve ser o caso. A maior parte dos economistas já estima uma recuperação tímida no primeiro trimestre. Os economistas Thiago Carlos, Guilherme Loureiro e Rafael De La Fuente do UBS, entre os mais otimistas, esperam crescimento de 0,4% no período.
“Desde o final do primeiro trimestre de 2016, as condições financeiras têm melhorado, e essa melhora se ampliou recentemente, sugerindo que uma recuperação na atividade pode acelerar nos próximos meses”, explicam os economistas. Além disso, um resultado tão negativo quanto o de 2016 pode ampliar ainda mais o sinal de alerta para os políticos e o Banco Central.
Espaço para recuperação
Um dado que se pode ser otimista quando olhamos o PIB brasileiro é a enorme ociosidade que pode ser reativada para dar gás para a retomada. “Com uma grande folga na economia, o Brasil poderia superar seu potencial crescimento do PIB por vários anos e manter as taxas de juros abaixo do neutro. As mudanças estruturais também permitem que as taxas reais caiam e o PIB potencial aumente”, ressalta o UBS.
Vale a pena olhar para o hiato do PIB, em um gráfico elaborado pelo Banco Fibra:
“Veja quão negativo o hiato está! Há muita ociosidade na economia e isso justifica o Copom acelerar o ritmo de corte da taxa Selic”, destaca Cristiano Oliveira. “Olhando para frente, estamos confortáveis com nossa estimativa de crescimento de 1,0% 2017 – acima do consenso de mercado – com moderada/forte expansão da economia no segundo semestre do próximo ano”, diz o economista. O consenso aponta para PIB de 0,49%
“O Brasil hoje já é um país que volta ao normal. Sentimos os efeitos da recessão, mas o país já volta a crescer”, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, após os números do PIB. Que assim seja, ministro.