Commodities

Lockdowns e produção brasileira podem reverter déficit de açúcar

25 set 2020, 11:58 - atualizado em 25 set 2020, 11:58
Açúcar
Os contratos futuros de açúcar negociados em Nova York despencaram no início deste ano, pois o novo coronavírus reduziu a demanda por alimentos e combustível (Imagem: REUTERS/Khalid al-Mousily)

Uma segunda onda de paralisações da atividade ou aumento da produção do Brasil poderiam facilmente reverter o pequeno déficit de açúcar previsto para a temporada que começa no próximo mês, segundo a S&P Global Platts.

A atual previsão indica que a produção global de açúcar deve ficar abaixo da demanda em 1,1 milhão de toneladas, com safras menores na Tailândia, Europa e Rússia, disse Patricia Luis-Manso, chefe de análise agrícola e biocombustíveis da S&P Global Platts. Mas novas ordens de quarentena poderiam reduzir ainda mais a demanda, enquanto preços mais baixos do petróleo podem levar o Brasil a produzir mais açúcar do que o esperado atualmente.

“Temos duas bandeiras baixistas bastante fortes”, disse Luis-Manso em entrevista antes da conferência virtual Platts Sugar na sexta-feira. “Ambas as bandeiras têm potencial para resolver esse déficit sem nenhum aumento significativo do preço do açúcar. É por isso que acho que esse déficit talvez seja muito pequeno para ser significativo.”

Os contratos futuros de açúcar negociados em Nova York despencaram no início deste ano, pois o novo coronavírus reduziu a demanda por alimentos e combustível. Desde então, os preços se recuperaram com a reabertura da atividade, mas, com o aumento dos casos, há o risco de que muitos países restabeleçam os lockdowns. O Reino Unido voltou a pedir que as pessoas fiquem em casa, enquanto Israel foi o primeiro país a decretar um lockdown pela segunda vez.

O consumo global de açúcar já estava em queda antes da chegada do coronavírus, pois consumidores preocupados com a saúde buscavam alternativas e fabricantes de alimentos reformulavam produtos. O coronavírus encolheu a demanda em 2,5 milhões de toneladas na última temporada e deve reduzir o consumo em outros 1,6 milhão em 2020-21, em comparação com a previsão de base anterior à Covid, de acordo com estimativas da Platts.

“Nossa visão é que a Covid e toda esta crise reforçaram as tendências existentes de crescimento mais lento do consumo”, disse Luis-Manso. “Dada a atual incerteza, o impacto em termos de PIB, e a possibilidade de outros lockdowns”, as previsões de consumo podem ser rebaixadas, disse, acrescentando que as estimativas da Platts já são conservadoras quando comparadas com as de outros analistas.

Atualmente, a previsão do Brasil é de destinar 42,5% da cana para a produção de açúcar na safra que começa em abril, estima a Platts. A proporção se compara a 45,8% neste ano, já que o consumo total de combustíveis deve crescer 6%. A recuperação dos preços do petróleo após as paralisações também impulsiona a demanda por etanol hidratado.

“Devido ao cenário atual, se o petróleo – principalmente o Brent e os preços da gasolina – estiver abaixo de nossa previsão atual, perderemos demanda de hidratado”, disse. “Teríamos espaço para aumentar nosso mix de açúcar um pouco mais perto da temporada atual e isso seria o suficiente para resolver este déficit.”

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