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Loja física amplia oportunidade de pequenos negócios digitais nascidos na pandemia

03 jan 2022, 7:16 - atualizado em 03 jan 2022, 7:16
De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, mais de 150 mil lojas virtuais foram abertas desde o início do isolamento social (Imagem: Pixabay)

Para quem investiu no próprio negócio em 2020, com venda de produtos, não havia outra opção senão o comércio online.

De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, mais de 150 mil lojas virtuais foram abertas desde o início do isolamento social.

Embora o digital tenha se consolidado e mostrado importância, o espaço físico ainda tem seu valor e pode agregar ao crescimento de micro e pequenas empresas.

“O online, por mais que tenha novos entrantes, ainda é uma compra muito mais de recorrência, de algo que a pessoa já tomou decisão. O físico contribui muito com a parte do impulso, da pessoa passar pela loja e comprar. É uma compra de oportunidade”, diz Allan Hagemeyer, CEO da Multi.etc e especialista em gestão estratégica de negócios e transformação digital.

Segundo ele, a presença online é como um teste de mercado para validar o negócio, além de ter baixo custo. É nesse espaço que o empreendedor vai conhecer o potencial da marca e reunir dados relevantes – como produto mais vendido e perfil do consumidor – para decidir o próximo passo. “Quando tiver maturação dos dados, das informações, é um bom momento para entrar no físico para somar com o digital, pois são canais complementares”, ressalta.

Hagemeyer afirma que, falando de varejo, o crescimento de uma marca deve alcançar o potencial máximo com a presença física, algo que os donos da Caritó Padaria Artesanal vêm sentindo nos últimos meses.

O casal Gabriel Rodrigues e Gabriel Dias inaugurou a loja na Bela Vista em julho, um ano após iniciar o negócio de forma online em 2020. Desde então, o faturamento triplicou.

“A loja conseguiu aumentar as pessoas que são impactadas, pessoas mais velhas que não comprariam pela internet. E como estamos na região da Paulista, é fácil entrar no roteiro das pessoas”, afirma Rodrigues. “Também trouxe comodidade aos clientes. Antes, a gente trabalhava com encomendas, agora abriu loja em aplicativo, viu como funciona, tem mais agilidade”, completa Dias. E as entregas, que ocorriam duas vezes na semana, passaram para cinco.

Ter um estabelecimento gastronômico era um sonho antigo deles, mas não imaginavam que aconteceria logo. Foram poucos meses entre começar a cozinhar em casa para consumo próprio até entender que poderia virar um negócio. O estalo veio da demanda de amigos que queriam provar os pães que publicavam nas redes sociais.

Após começar a vender, a cozinha de casa tornou-se pequena para a grande quantidade de pedidos. Foi quando decidiram alugar uma casa, mas ainda sem o pensamento da loja. “A ideia era continuar online, mas as pessoas pediam mais para pronta entrega”, conta Rodrigues. Dias comenta que eles fizeram uma transição segura, onde o local, um sobrado, serviria para morar também, e logo o dono do imóvel sugeriu que ali poderia ter um espaço de vendas.

Como escolher o local

Gabriela Miranda, que no ano passado deu início à venda de pudins pela internet, também abriu um espaço físico neste ano pela necessidade de uma cozinha maior.

Ela contou com o auxílio de uma imobiliária para encontrar um local adequado, que fosse bem iluminado, arejado e perto de onde mora.

A loja não estava nos planos iniciais da Pudim Terapia e tem um ambiente pequeno para receber clientes, mas ela vê as vantagens.

“Embora a internet dê visibilidade, o espaço físico dá mais. Antes, eu divulgava no meu condomínio e contava nos dedos da mão quem comprava. Hoje, com loja, tem gente do condomínio da frente que vem comprar”, comenta, citando também o aumento das vendas. Ela percebe que agora tem mais credibilidade, mas existe o desafio de provar o valor agregado do produto. “O pudim vai na forma de alumínio, algumas pessoas pedem sem, mas eu não vendo só o pudim, vendo a experiência de desenformar, aquela expectativa de saber se vai sair certo.”

Na hora de abrir a loja física, o especialista Allan Hagemeyer orienta considerar o preço do aluguel, principalmente agora na pandemia, em que o IGP-M fez subir o valor de locação. “Se vai para um ponto onde o custo de aluguel é muito alto, às vezes desacelera e impede o crescimento da empresa ou não consegue manter aberta.” Ele comenta que um ponto na rua pode ser uma opção mais barata.

A empreendedora Lela Brandão, CEO da marca homônima de moda confortável, conta que clientes já perguntavam sobre um espaço físico para poderem experimentar as peças. A ideia saiu do papel quando ela encontrou, por acaso, um imóvel onde poderia concretizá-la. “Meu sócio, Viktor, foi bem firme ao confirmar que estávamos prontos financeiramente. Muito rapidamente alinhamos as burocracias e em um pouco mais de um mês abrimos nosso espaço”, conta.

Hagemeyer comenta que, além do apelo de provar o produto, os negócios de alimentação e moda demandam a interação humana, que não será substituída pela interação online. “Na loja, o consumidor precisa ser entendido, compreendido, receber atendimento mais consultivo.”

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