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Lojas Renner (LREN3): Inflação de custos pressiona 4T21; veja o que dizem os analistas

18 mar 2022, 14:57 - atualizado em 18 mar 2022, 14:59
Lojas Renner
Para o BTG, os números do 4T21 da Renner apresentaram uma “grande melhora”. (Imagem: Renan Dantas/Money Times)

A Lojas Renner (LREN3) engrossou a lista de varejistas que decepcionaram parte do mercado com o resultado do quarto trimestre. Analistas viram pressão nas margens causada pela inflação de custos e por investimentos realizados pela empresa.

Os papéis da companhia chegaram a aparecer entre as maiores quedas do Ibovespa nesta sexta-feira (18), no primeiro pregão após a divulgação do balanço, mas recuperaram as perdas e operavam em alta de 0,74% por volta das 14h, a R$ 23,07.

Mesmo com o resultado abaixo do esperado, LREN3 ainda teria um potencial de valorização de no mínimo 52%, considerando o preço de quinta. Veja abaixo o preço-alvo para os papéis calculado por algumas das principais instituições financeiras:

  • Bradesco BBI: R$ 37, compra;
  • Goldman Sachs: R$ 37, compra;
  • BTG Pactual: R$ 37, compra;
  • XP Investimentos: R$ 42, compra;
  • Genial Investimentos: R$ 35, compra

O Bradesco BBI comentou que a Renner teve um “bom desempenho de receita” ofuscado pelas margens fracas, disse que a dinâmica era esperada, mas ponderou que a contração em relação a 2019 foi maior do que a expectativa.

“Chama a atenção a despesa de participação nos lucros extraordinariamente grande – que atingiu 4,2% das vendas no 4T21 e 2,3% no ano de 2021 (vs. uma média histórica de cerca de 1%) – mas isso é pontual, o que não deve pressionar as margens no próximo ano”, disse o banco em relatório assinado por Richard Cathcart e Flávia Meireles.

Para o Bradesco BBI, a maior preocupação é a margem bruta, que caiu 3 p.p. em relação a 2019 (BBI estimava -2 p.p.). A empresa havia sinalizado uma base de comparação forte em 2019, mas a bandeira Renner teve a menor margem bruta do quarto trimestre em vários anos.

Segundo o banco, a dinâmica significa que a inflação de custos (matérias-primas, frete e câmbio) tem cobrado seu preço (remarcação está em níveis historicamente baixos, diz).

A XP Investimentos avaliou que a margem continuou pressionada pelos investimentos da companhia na construção do seu ecossistema, mas com uma provisão de bônus surpreendendo para cima, em R$ 148 milhões, levando a um Ebitda 10% abaixo das estimativas da corretora.

“De acordo com a empresa, essa provisão pode ser vista como pontual uma vez que as metas anuais foram definidas em um momento bastante incerto, com o cenário melhorando mais rápido do que esperado durante 2021”, disse a corretora em relatório assinado por Danniela Eiger e equipe.

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Renner tem ‘grande melhora’

Para o BTG, os números do 4T21 da Renner apresentaram uma “grande melhora” em relação aos trimestres anteriores, com restrições de mobilidade muito menores e uma demanda reprimida por vestuário.

Como resultado, destaca o banco, a receita líquida do varejo cresceu 22% a/a (+24% vs. 4T19) para R$ 3,5 bilhões (1% acima da projeção do BTG), com o SSS (vendas em mesmas lojas) crescendo 19% a/a (ou +18% vs. 4T19) vs. 18% a/a as estimativas.

A Renner teve lucro líquido de R$ 415,8 milhões no quarto trimestre, alta de 17,5% na base anual – mas abaixo dos R$ 435,3 milhões esperado por analistas, segundo dados da Refinitiv.

As vendas digitais (12% das vendas totais, similar ao trimestre anterior) cresceram 38% a/a para R$ 514 milhões, em uma forte base de comparação. A receita líquida da bandeira Renner cresceu 22% a/a, enquanto as vendas da Youcom e Camicado aumentaram 40% e 9% a/a.

O BTG diz que vê a Renner bem posicionada para ganhar participação de mercado nos próximos anos no fragmentado segmento de varejo de vestuário brasileiro, por conta do que o banco avalia como uma “estrutura de cadeia de suprimentos de última geração, execução premium e as iniciativas omnichannel”.

Os analistas ponderam que os resultados da Renner serão afetados nos próximos trimestres pelo contexto macroeconômico, “limitando o potencial de valorização de curto prazo”, segundo trecho de relatório assinado por Luiz Guanais e equipe.

Para a Genial, a Renner tem uma operação sólida e está com um endividamento e uma posição de caixa “muito saudável, especialmente após o aumento de capital de R$ 4 bilhões anunciado em abril de 2021”.

Com mais recursos disponíveis, diz, a empresa tem folga para expandir suas operações de forma orgânica e inorgânica, fazendo frente à concorrência e mantendo sua posição de liderança no segmento de fast fashion ao aumentar a eficiência do e-commerce, do marketplace, e investir na remodelagem e expansão de novas lojas.

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Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
kaype.abreu@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.