JSL (JSLG3): Lucro despenca 80% no 2º tri; empresa vê possível impacto positivo em carnes após tarifas dos EUA

A JSL (JSLG3), especializada em logística, teve queda de 80% no lucro líquido do segundo trimestre frente à mesma etapa de 2024, quando a reversão de uma provisão favoreceu o resultado do período, impactando a base de comparação deste ano.
A empresa controlada do grupo Simpar apurou lucro líquido de R$ 21,4 milhões de abril a junho, segundo relatório de resultados divulgado nesta quarta-feira, também pressionado por despesas financeiras. Em base ajustada, o resultado foi positivo em R$ 36,3 milhões, crescimento de 9,9% na comparação anual.
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“A pressão da despesa financeira é basicamente pelo aumento do CDI”, afirmou o diretor financeiro da JSL, Guilherme Sampaio, apontando para o patamar elevado dos juros no país.
O executivo acrescentou que a empresa realizou, em maio, a amortização de uma emissão de CRA de 2020, que possuía um dos maiores custos médios, com o pagamento de R$500 milhões, reduzindo o spread médio da empresa em 0,3 ponto percentual.
Esse movimento reflete os esforços da companhia em busca da desalavancagem, disse Sampaio à Reuters.
“Nossa expectativa é que com geração de caixa maior, dívida estável e reduzindo, haverá uma tradução maior do resultado operacional para o lucro… Devemos esperar uma lucratividade maior dada a estratégia de desalavancagem, assumindo também que não há novas altas previstas da Selic.”
O Ebitda da JSL, que atua em distribuição urbana, armazenagem, operações dedicadas e transporte de carga, totalizou R$ 488 milhões no trimestre encerrado em junho, queda de 10,2% frente ao segundo trimestre de 2024. Com ajustes, somou R$ 491,7 milhões (+23,5% ano a ano).
A alavancagem, por sua vez, fechou junho em 3,18 vezes, de um patamar de 3,04 vezes um ano antes.
Tarifas dos EUA
O presidente-executivo da JSL, Ramon Alcaraz, disse que entre os setores nos quais a empresa atua, somente o de celulose poderia ter um impacto direto das medidas tarifárias dos Estados Unidos contra produtos brasileiros, o que não se concretizará dado que o segmento foi isento das alíquotas pela Casa Branca.
“Isso poderia afetar o volume da exportação e consequentemente afetar a nossa logística, mas para nossa sorte ele entrou na lista de exceções”, afirmou, acrescentando que o produto é “praticamente 100% exportado” para os EUA.
Em outros setores, como de café, frutas e carnes, a JSL não está ligada diretamente à exportação para os EUA, disse Alcaraz.
“Talvez a gente até possa ter um benefício porque, na área de carnes, pode ser que parte da produção seja direcionada ao mercado da América do Sul, onde a gente faz o transporte de carne frigorificadas e congeladas para esses países.”
O executivo reforçou que, apesar disso, a tensão comercial entre os países representa uma ameaça à estabilidade e que, nesse cenário, a empresa tem trabalhado nas alavancas de redução de custo, otimização de recursos e reajuste de contratos.