Alckmin presidirá comitê para debater tarifa de Trump; indústria quer que EUA adie taxas em 90 dias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, como presidente do comitê criado para ouvir setores afetados pela tarifa de 50% anunciada pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
- SAIBA MAIS: Fique por dentro dos melhores conteúdos do Money Times sem pagar nada por isso; veja como
Uma primeira rodada de reuniões do grupo foi agendada para a manhã desta terça-feira (15) com representantes da indústria, incluindo os setores de aço, alumínio, máquinas, aviação, celulose, calçados e autopeças. Na parte da tarde, o governo se reunirá com representantes do agronegócio. Empresas dos EUA também serão ouvidas, disse Alckmin.
“A primeira tarefa é conversar com o setor privado”, afirmou Alckmin em entrevista a jornalistas. “Estamos chamando quem tem mais relação comercial com os Estados Unidos”.
O grupo terá a participação dos ministérios da Casa Civil, Fazenda, Relações Exteriores e do MDIC, com colaboração também de outras pastas que atuam em áreas afetadas pelas possíveis tarifas, como o Ministério da Agricultura.
As conversas com os empresários serão realizadas antes de o governo definir eventuais respostas relacionadas às tarifas norte-americanas, segundo Alckmin.
O vice-presidente também afirmou que o Brasil não fez qualquer pedido de prorrogação de prazo ou redução da tarifa anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Ele explicou que uma proposta de negociação comercial remetida pelo Brasil aos EUA em maio ainda não foi respondida pelo governo Trump.
“No dia 16 de maio, foi encaminhada, até em caráter confidencial, uma proposta para os Estados Unidos de negociação, que não foi respondida ainda“, disse Alckmin.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou em entrevista que Lula assinaria o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade. O texto deve ser publicado nesta terça-feira no Diário Oficial da União, segundo ele.
A Lei da Reciprocidade foi aprovada neste ano pelo Congresso Nacional e permite ao governo adotar medidas comerciais recíprocas quando o país for atingido com tarifas ou outras barreiras.
Adiamento de 90 dias
Por outra frente, representantes da indústria brasileira se reuniram com o governo nesta segunda-feira e defenderam negociação com a administração de Trump para adiamento mínimo de 90 dias na aplicação da tarifa de 50%.
Participaram da reunião virtual no fim da tarde presidentes das federações das indústrias de todo o país, conforme nota da Confederação Nacional da Indústria (CNI), além da secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Tatiana Lacerda Prazeres.
“Esse prazo [90 dias] é considerado essencial para que a indústria brasileira possa analisar de forma mais aprofundada os efeitos da medida, além de buscar soluções diplomáticas para evitar perdas mais amplas”.
Com informações Reuters