Lula defende integração financeira e comércio entre países do Brics para combater protecionismo

Em reunião virtual do Brics convocada pelo Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira que a integração financeira e o comércio entre os integrantes do bloco sejam usados para mitigar os efeitos do protecionismo no comércio mundial.
“Regras e normas mutuamente acordadas são essenciais para o desenvolvimento. O comércio e a integração financeira entre nossos países oferecem opção segura para mitigar os efeitos do protecionismo”, afirmou.
- CONFIRA: Está em dúvida sobre onde aplicar o seu dinheiro? O Money Times mostra os ativos favoritos das principais instituições financeiras do país; acesse gratuitamente
Em uma cúpula chamada para discutir a situação do comércio mundial depois das tarifas implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula fez um duro discurso em que chamou as medidas norte-americanas de “chantagem tarifária”.
“A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas. A imposição de medidas extraterritoriais ameaça nossas instituições”, afirmou.
Em entrevista à Reuters, há um mês, o presidente afirmou que conversaria com os demais países do bloco para trabalhar em uma reação conjunta às tarifas norte-americanas.
Desde a Cúpula do Brics, há dois meses, no Rio de Janeiro, Brasil e Índia passaram a ser alvos das maiores taxas aplicadas pelos EUA, 50%. No caso do Brasil, Trump usou as tarifas como pressão para exigir o fim do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo julgado por tentativa de golpe de Estado.
Já na Índia, a acusação do governo norte-americano é a compra de combustível russo por parte do governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
“Sanções secundárias restringem nossa liberdade de fortalecer o comércio com países amigos. Dividir para conquistar é a estratégia do unilateralismo. Cabe ao Brics mostrar que a cooperação supera qualquer forma de rivalidade”, completou Lula.
O governo brasileiro aposta no aumento do comércio intrabloco e também na abertura de novos mercados para compensar a queda inevitável das exportações para os EUA. Com um mês de aplicação das tarifas — que ainda têm várias exceções — as exportações para o país caíram 18,5% na comparação com o mesmo período de 2024.
Apesar disso, as exportações brasileiras como um todo cresceram 35,8% em comparação com o mesmo período do ano passado, com aumentos significativos de exportações para a China, Argentina e México, principalmente.
Formado por 11 países do chamado Sul Global, o Brics hoje representa 40% da economia mundial e 29% do comércio global.
“Temos, portanto, a legitimidade necessária para liderar a refundação do sistema multilateral de comércio em bases modernas, flexíveis e voltadas às nossas necessidades de desenvolvimento. Para isso, precisamos chegar unidos na 14ª Conferência Ministerial da OMC no próximo ano”, defendeu o presidente.