Política

Lula diz que aumentos de combustíveis mostram que Petrobras pode mais que Bolsonaro

08 out 2021, 15:24 - atualizado em 08 out 2021, 15:24
“O que está acontecendo é que a Petrobras tem uma direção mais importante que o presidente da República. A direção da Petrobras está mostrando que ela pode mais que o presidente da República”, disse Lula (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

No dia em que a Petrobras anunciou mais um aumento no preço da gasolina e do gás de cozinha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira a sequência de reajustes de preços promovidos pela estatal e disse que o presidente Jair Bolsonaro é incapaz de governar o país.

“O que está acontecendo é que a Petrobras (PETR3PETR4) tem uma direção mais importante que o presidente da República. A direção da Petrobras está mostrando que ela pode mais que o presidente da República”, disse Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial do ano que vem, em entrevista coletiva em Brasília.

“Se ele (Bolsonaro) não tem coragem de governar, não tem coragem de dizer que não vai aumentar, é um problema dele. Significa que o Brasil está precisando de um novo presidente para fazer justiça com o preço do combustível.”

Mais de uma vez, Lula afirmou que o Brasil possuía capacidade de produzir e refinar petróleo sem precisar importar combustíveis e que não faz sentido vincular o preço no Brasil às variações externas.

Desde o governo de Michel Temer, que assumiu na esteira dos escândalos de corrupção na Petrobras, a gestão da empresa vincular o preço do combustível no Brasil à variação do dólar e do preço internacional do barril de petróleo.

“Eu não vejo sentido em querer agradar o acionista minoritário americano e não querer agradar o consumidor majoritário brasileiro. Ele deveria estar preocupado com essa gente”, disse Lula.

“Então isso só demonstra que Bolsonaro é um garganta, é um cara que fala sem ter noção que está falando.”

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Carta ao povo brasileiro

Ao ser perguntado sobre seus planos econômicos e sobre conselheiros nessa área, o ex-presidente negou que esteja planejando uma nova Carta ao Povo Brasileiro, nos moldes da que apresentou ao mercado financeiro durante o período eleitoral em 2002, antes de ser eleito presidente pela primeira vez.

“Eu acho que as pessoas de boa fé e minimamente inteligentes sabem que a melhor carta que eu posso assinar é eles lerem o que aconteceu na economia brasileira quando eu fui presidente”, disse Lula. “Não precisa carta ao povo brasileiro. Eu tenho um legado que vale 50 cartas ao povo brasileiro.”

Lula respondeu a críticas feitas a ele por querer um “Estado forte”, e confirmou que essa é sim sua intenção.

“Eu quero um Estado forte sim. Não quero um Estado empresarial, eu quero um Estado com força para que seja um Estado indutor de desenvolvimento.”

“Eu acho que as pessoas de boa fé e minimamente inteligentes sabem que a melhor carta que eu posso assinar é eles lerem o que aconteceu na economia brasileira quando eu fui presidente”, disse Lula (Imagem: REUTERS/Carla Carniel)

O ex-presidente, que diz ainda não ter confirmado sua candidatura, mas que já fala como candidato, disse ainda que a economia não é um mistério, e que sua visão se baseia em ter credibilidade e previsibilidade.

“A questão econômica a gente resolve tendo credibilidade. Por isso uma coisa que para a gente é prioritária é recuperar o prestígio internacional do Brasil e nossas relações internacionais”, afirmou.

“Economia tem que ter credibilidade. Quando você falar as pessoas precisam acreditar. E tem que ter previsibilidade. As pessoas precisam saber que não vão ser pegas de calça curta todo dia.”

Lula negou que já tinha um conselheiro econômico definido e brincou dizendo que já apontaram oito possíveis ministros da Fazenda em um eventual novo governo seu, e que ficará feliz se puder escolher um deles.

O petista elogiou Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central durante seu governo, mas lembrou que Meirelles, atualmente secretário da Fazenda da gestão João Doria (PSDB) no Estado de São Paulo, agora “está em outra”.

“Mas vamos ver, o mundo é redondo. Quem sabe a gente não volta a se encontrar”, afirmou.

reuters@moneytimes.com.br