Dólar

Lula: Mercado não compra transição de governo com risco fiscal e dólar dispara 3%

10 nov 2022, 12:56 - atualizado em 10 nov 2022, 14:38
LulaPT
Lula discursou há pouco, o que piorou o desempenho dos ativos locais com o dólar avançando a R$ 5,36 descolado do exterior (Imagem: Flickr/Lula Oficial/Ricardo Stuckert)

O dólar à vista, que abriu o pregão em forte alta, acelerou os ganhos acima de 3% no fim da manhã enquanto o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva de suas prioridades em seu mandato, a partir de 1º de janeiro, na sede da transição do governo, em Brasília. O real tem um dos piores desempenhos entre as principais moedas globais.

Por volta das 12h50 (de Brasília), o dólar tinha salto de 2,7%, a R$ 5,32 para venda, após chegar às máximas de R$ 5,36. O contrato futuro com vencimento em dezembro também saltava 2,7%, perto de R$ 5,35.

Lula gera insatisfação no mercado

A transição de Lula não vem agradando ao mercado. Investidores estão insatisfeitos com a falta de definição dos nomes que irão compor os ministérios a partir do ano que vem, assim como com as pessoas definidas para participarem desta preparação para o próximo governo.

Outro ponto que não está agradando ao mercado é a PEC de transição que deverá custar entre R$ 170 bilhões e R$ 175 bilhões..

“O mercado está encarando com um cheque em branco para gastos e está pegando super mal, o que faz o dólar estourar diante o pessimismo para 2023”, comenta o sócio-diretor da Pronto Invest, Vanei Nagem.

O gestor da Galapagos Capital, Fábio Guarda, avalia o discurso de Lula como “bastante inflamado”. “Claramente, dando indícios de avanços sobre as contas fiscais”, diz.

Guarda comenta que países que escolheram priorizar a estabilidade social em detrimento da estabilidade fiscal sofrem uma instabilidade fiscal muito maior.

“Na minha opinião, é uma visão muito míope e de curto prazo de quem está tocando a agenda econômica do Lula. Caso as ações sejam condizentes com o discurso, há mais espaço para correção, tanto do dólar quanto do Ibovespa”, reforça.

“Não acho que se trata de receio [do mercado]. E sim uma reprecificação dos ativos a partir de sinalizações políticas. Hoje, tivemos um gatilho com o discurso de Lula trazendo uma relação dicotômica entre responsabilidade fiscal e gasto social”, observa o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.

Para o diretor de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, por enquanto, acabou a “lua de mel”. A moeda norte-americana derreteu 4,5% na semana passada após a eleição do ex-presidente. “O mercado não está comprando essa transição de governo. Demorou, mas a ficha está caindo de que o novo governo não deve respeitar o teto fiscal”, acrescenta.

Dólar derrete no exterior

Enquanto a tensão toma conta do mercado doméstico, no exterior, o investidor respira aliviado após os dados de inflação nos Estados Unidos surpreenderem os analistas.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% no mês passado ante setembro e avançou 7,7% na base anual, ficando acima das estimativas de economistas, de altas de 0,6% e de +7,9%.

“A inflação lá veio abaixo do esperado, o que tirou a pressão compradora do dólar no mundo. Lá fora, a moeda opera enfraquecida antes aos pares em meio ao alívio com o dado de inflação”, comenta Guarda.

No horário acima, o Dollar Index recuava 1,9%, aos 108,4 pontos. A libra esterlina exibe forte recuperação em relação à divisa americana, com ganhos de 2,7% no pregão, enquanto o euro avança 1,5%.

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Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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