Economia

Lula vai precisar reduzir tamanho da PEC se quiser Selic baixa, diz Mansueto, do BTG

13 dez 2022, 10:30 - atualizado em 13 dez 2022, 10:30
Lula; Selic, Juros, Banco Central
Se a PEC for aprovada com espaço de R$ 200 bilhões, há uma chance muito grande de o Banco Central não promover nenhuma redução da Selic em 2023. (Imagem: Facebook/Lula)

O Banco Central divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e nela reforçou o que já vem dizendo nos últimos meses: vai manter a taxa Selic elevada por um período prolongado.

Desde agosto, a taxa básica de juros está estacionada no patamar de 13,75% ao ano. Trata-se do maior patamar da Selic desde janeiro de 2017.

Um dos fatores que está mantendo o Banco Central mais rigoroso com a política monetária é o risco fiscal do futuro governo, puxado principalmente pela PEC de Transição que está tramitando no Congresso.

“O Comitê avaliou que mudanças em políticas parafiscais ou a reversão de reformas estruturais que levem a uma alocação menos eficiente de recursos podem reduzir a potência da política monetária”, aponta a ata.

Para Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, se o mercado quiser começar a ver cortes na Selic, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva precisa reduzir o tamanho da PEC e definir uma fonte de financiamento.

Segundo Mansueto, que é ex-secretário do Tesouro Nacional, caso a PEC seja aprovada com espaço de R$ 200 bilhões para despesas extras no próximo ano, há uma chance muito grande de o Banco Central não promover nenhuma redução da Selic em 2023.

“Se quiser o benefício da dúvida do mercado e consolidar o cenário de redução de taxa de juros no próximo ano pelo Banco Central, acho que o governo deveria reduzir o tamanho da PEC da Transição e definir uma fonte de financiamento para não termos um déficit primário tão elevado, que teria impacto indesejado no crescimento da dívida e no aumento dos riscos fiscais”, afirma.

Posicionamento em linha

Apesar do posicionamento rigoroso, a ata do Copom veio em linha com o esperado pelo mercado.

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, destaca que o texto segue citando a preocupação com a inflação e desaceleração global, além das preocupações em relação à política fiscal e impacto na política monetária.

“O Banco Central tem estado cada vez mais atento a esse ponto, que tem trazido muita volatilidade para os mercados. Mas já se esperava esse tom mais duro com relação à condução da política monetária, já que temos um fiscal em deterioração.”

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, também aponta para o trecho da ata que foi firme nos potenciais danos que a injeção de capital descalibrada do fiscal pode causar à economia.

“Ressalta-se que o parafiscal, dentre os quais a utilização do BNDES, pode diminuir a potência da política monetária e elevar o juro neutro. O que significa dizer que o grau de austeridade da política monetária pode ser reduzido pelo pior motivo”, diz.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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