Luxo, poder e polêmica: Trump lidera reforma de US$ 300 milhões na Casa Branca sem revisão independente
Com mais de duzentos anos de história, a Casa Branca é um dos símbolos mais reconhecíveis dos Estados Unidos. Ao longo das décadas, abrigou decisões que moldaram o curso político global. Agora, a sede do governo norte-americano passa pela maior transformação em pelo menos sete décadas — um projeto de US$ 300 milhões liderado pelo presidente Donald Trump que reacende debates sobre transparência, preservação histórica e poder político.
Nos últimos meses, a equipe de Trump deu início à construção de um novo salão de 8.400 metros quadrados, idealizado como um espaço monumental e altamente ornamentado. O plano responde a uma queixa antiga: a impossibilidade de a Casa Branca sediar grandes eventos sem estruturas temporárias.
Embora o projeto tenha enfrentado desafios por causa da estrutura centenária do edifício, os amplos poderes presidenciais sobre a residência oficial aceleraram as aprovações. As obras começaram poucos meses após o anúncio e hoje já são consideradas umas das intervenção mais ambiciosa da história do marco arquitetônico em Washington D.C.
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O orçamento inicial, estimado em US$ 200 milhões, subiu para US$ 300 milhões, e Trump declarou ter arrecadado US$ 350 milhões de doadores privados. Entre os financiadores estão gigantes corporativos como Microsoft, Coinbase, Palantir, Lockheed Martin, Amazon e Google. Apesar de o projeto não utilizar recursos públicos, críticos afirmam que a ausência de consulta popular e de revisão independente levanta preocupações sobre conflitos de interesse e preservação do patrimônio histórico.
A demolição da Ala Leste, espaço que abrigava o Gabinete da Primeira-Dama desde 1977, gerou forte reação de historiadores e conservacionistas. Para muitos, o setor representava o “coração” da Casa Branca, em contraposição à Ala Oeste, associada à “mente” do poder executivo. O temor é que as novas construções acabem ofuscando o legado simbólico do edifício original.
Imagens divulgadas recentemente mostram um salão de aparência majestosa, com arcos dourados, teto artesanal e lustres de cristal, elementos que remetem à estética característica de Trump — um estilo marcado pelo luxo e pela grandiosidade.

O estilo Trump na Casa Branca
Em nota oficial, o governo dos Estados Unidos defendeu a iniciativa afirmando que “atualmente não se pode sediar grandes eventos em homenagem a líderes mundiais e outros países sem ter que instalar uma tenda grande e feia a aproximadamente 90 metros da entrada principal do edifício”.
O novo Salão de Baile da Casa Branca deve comportar até 650 convidados sentados, ocupando uma área significativamente maior que o prédio principal, que possui cerca de 5.200 metros quadrados. O projeto traz referências diretas ao histórico de Trump como empresário do setor imobiliário, com influências visíveis de empreendimentos em Las Vegas e do resort Mar-a-Lago, na Flórida.
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A rapidez incomum da obra tem explicação política e administrativa. Projetos desse porte, tradicionalmente, precisam passar pela Comissão de Belas Artes, responsável por avaliar o design e a harmonia arquitetônica de novas edificações. Essa exigência foi criada por ordens executivas de William Taft e Woodrow Wilson no início do século XX. Contudo, nenhuma submissão foi feita para o atual projeto.
Além disso, a Comissão Nacional de Planejamento da Capital (NCPC), encarregada de revisar construções federais quanto à escala e impacto histórico, está hoje composta por aliados políticos de Trump — fator que teria permitido a aprovação célere do projeto, sem debate público e sem revisão técnica formal.
O empreendimento bilionário de Trump na Casa Branca mistura ambição pessoal e interesse político. Para apoiadores, a reforma representa uma modernização necessária e um gesto de “revitalização da imagem nacional”. Já para críticos, é um símbolo de poder e vaidade, que ameaça o equilíbrio entre patrimônio histórico e protagonismo presidencial.
Independentemente das opiniões, o projeto consolida a influência de Trump até mesmo sobre o ícone máximo do poder norte-americano.