M. Dias Branco (MDIA3) despenca após balanço; o que fazer com a ação?

As ações da M. Dias Branco (MDIA3) operam em forte queda nesta segunda-feira (5), em meio à aversão ao risco dos investidores.
Por volta de 15h40 (horário de Brasília), MDIA3 caía 7,17%, a R$ 23,68. Na mínima do dia, os papéis chegaram a registrar baixa de 14,66%, a R$ 21,77. Acompanhe o Tempo Real.
Mas é o balanço que pesa sobre M. Dias Branco. A fabricante de alimentos teve lucro líquido de R$69,4 milhões no primeiro trimestre de 2025 (1T25), queda de 55% na base anual, de acordo com os resultados divulgados na última sexta-feira (2).
A companhia, dona de marcas como Adria, Vitarella e Zabet, apurou um desempenho operacional medido pelo Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação) de R$160,9 milhões, queda de 42% na comparação anual, com a margem passando de 13% para 7,3%.
A queda no resultado ocorreu apesar de um crescimento de 3,2% no faturamento líquido, para R$2,2 bilhões, com o volume de vendas praticamente estável, a 394 mil toneladas no período.
“As commodities utilizadas em nosso processo produtivo seguem com preços elevados, principalmente o óleo de palma e o cacau, em adição ao impacto da desvalorização do real ao longo dos últimos trimestres, exigindo cautela nos movimentos de precificação”, afirmou a M. Dias Branco no balanço.
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Balanço decepciona analistas
Para o BTG Pactual, a M. Dias Branco divulgou um conjunto fraco de resultados no 1T25. “A trajetória da companhia tem sido difícil, e ainda não vemos resultados materiais do processo de reestruturação iniciado no terceiro trimestre de 2024 (3T24)”, afirmaram Thiago Duarte, Guilherme Guttilla e Bruno Henriques em relatório.
Para os analistas, a reestruturação vai ser colocada à prova no segundo semestre deste ano. “Acreditamos que o 2S25 será determinante para que a M. Dias apresente avanços mais tangíveis em sua estratégia de reestruturação.”
Na mesma linha, o Bradesco BBI afirmou que os resultados trouxeram as mesmas perguntas, que surgiram no final do ano passado, sem respostas.
“Embora a administração tenha apontado a recuperação da participação de mercado como prioridade máxima, os resultados do 1T25 não forneceram evidências claras de que isso esteja se materializando”, escreveram os analistas Henrique Brustolin e José Rosalen.
O Itaú BBA também disse que, apesar da sazonalidade mais fraca, os resultados ficaram aquém das expectativas dos investidores “que já haviam contabilizado esse fator”.
O que fazer com as ações MDIA3 agora?
Os analistas mantêm recomendação neutra para os papéis da M. Dias Branco. “No curto prazo, a visibilidade limitada sobre o momento e a sustentabilidade de uma recuperação deve continuar limitando o potencial de valorização”, afirmaram os analistas do Bradesco BBI.
O banco reduziu o preço-alvo de R$ 26 para R$ 25 após os resultados trimestrais, o que ainda representa um potencial de desvalorização de cerca de 2% sobre o preço de fechamento da última sexta-feira (2).
Já o BTG Pactual destacou que o cenário desafiador, da baixa visibilidade de execução, do elevado custo de capital e de um valuation “esticado” justificam uma postura mais cautelosa em relação ao papel MDIA3. O banco também tem preço-alvo de R$ 25 no final de 2025.
O Itaú BBA avaliou que vai manter a classificação neutra até que haja um progresso mais consistente nas iniciativas em andamento para aumentar a eficiência e a produtividade.
“A ação subiu 30% no acumulado do ano, potencialmente devido às expectativas de ações comerciais já implementadas pela empresa. No entanto, em nossa opinião, um ponto de partida mais lento para o ano pode levar alguns investidores a reduzir as expectativas para a empresa no curto prazo”, escreveu o analista Gustavo Troyano em relatório.
O banco tem preço-alvo de R$ 23, o que representa um potencial de desvalorização de quase 10% sobre os papéis da M. Dias Branco até o fim de 2025.
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