M. Dias Branco (MDIA3) tomba mais de 11% na bolsa mesmo após forte lucro no 3T25; o que dizem os analistas?
As ações da M. Dias Branco (MDIA3) recuavam 11,35% por volta de 11h desta segunda-feira (10). Na última sexta (7), a empresa reportou um lucro líquido de R$ 216,1 milhões no 3T25, uma alta de 73,3% ante o mesmo período do ano passado.
O BTG Pactual viu no 3T25 um movimento de reposicionamento estratégico, após anos focados em preços. Desde 2018, aumentos acima dos pares reduziram volumes, culminando em forte queda no 3T24.
No período, os volumes cresceram 5,6% e os preços médios recuaram 3% no comparativo trimestral, o que sugere uma tentativa de recuperar participação de mercado. As despesas com vendas também cresceram 9,6%, refletindo uma postura comercial mais agressiva. O fluxo de caixa operacional foi sólido, em R$ 530 milhões, beneficiado por liberação de capital de giro e monetização de créditos tributários.
O banco mantém uma recomendação neutra para a ação (com preço-alvo de R$ 28) e reforça que os próximos trimestres serão cruciais para avaliar a consistência da retomada de volumes e margens, ainda abaixo da meta de 15% de margem Ebitda de longo prazo.
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Já na avaliação do BB Investimentos, o 3T25 foi positivo, com destaque para a forte recuperação do volume de vendas na comparação anual, o que permitiu à companhia maior alavancagem operacional e crescimento expressivo do seu lucro líquido, combinado com robusta geração de caixa livre. Os analistas seguem confiantes com a tese e mantêm a recomendação de compra, com preço-alvo para o final de 2026 em R$ 32.
MDIA3: Um possível de-rating?
A XP Investimentos aponta que os resultados do 3T25 foram mais fracos do que o esperado e devem levar a revisões negativas de lucro daqui para frente, enquanto a alta volatilidade pode se traduzir em um de-rating do papel. Os analistas contam com uma recomendação neutra e preço-alvo de R$ 28,90.
A casa, que já esperava uma fraca performance das ações nesta segunda, explica que os volumes vieram em linha com as estimativas, mas os preços caíram 4% ante o 2T25, devido a um mix mais fraco, com crescimento de receita — e provavelmente volumes — em farinha e óleos vegetais superando os produtos core.
“Mesmo com uma maior participação de produtos de menor preço no mix de receita, o custo da matéria-prima por kg caiu menos do que esperávamos, ficando 1,8% acima do XPe, o que pode estar ligado a uma estratégia de manter estoques mais alto. Esses fatores levaram a um desvio de 173bps na margem bruta e um desvio de 8% no lucro bruto”, explicam Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak.
O forte desvio no Ebitda (R$ 318 milhões) não se traduziu na mesma magnitude no resultado líquido, que foi de R$ 216 milhões (-8% vs. XPe, em linha com o consenso e praticamente estável no comparativo trimestral).
De acordo com os analistas, isso ocorreu porque, assim como no 2T25, a taxa efetiva de imposto se beneficiou de fatores não recorrentes, notadamente impostos diferidos e reconhecimento de créditos extemporâneos. No 2T25, a administração antecipou que o nível normalizado (e o esperado para o final de 2025) seria em torno de 15%. “Se assumirmos essa taxa normalizada, o lucro líquido teria sido R$ 194,3 milhões, o que seria 17% abaixo do XPe, 11% abaixo do consenso e 10% abaixo na comparação trimestral.”