Internacional

Maduro e Biden enviam sinais de possível trégua silenciosa

11 maio 2021, 14:44 - atualizado em 11 maio 2021, 14:44
Maduro
Nas últimas três semanas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, aceitou ajuda alimentar internacional (Imagem: Manaure Quintero/Bloomberg)

Depois de anos de crescentes hostilidades, a relação entre Estados Unidos e Venezuela está sob revisão silenciosa, com medidas conciliatórias por parte do governo de Caracas, autoridades dos EUA atuando como intermediárias e reavaliação da política de sanções pelo governo Joe Biden.

Nas últimas três semanas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, aceitou ajuda alimentar internacional rejeitada por muito tempo, permitiu que seis executivos da Citgo fossem transferidos para prisão domiciliar e incluiu dois integrantes da oposição ao conselho eleitoral de cinco membros do país.

Nenhuma das medidas foi adotada em coordenação com o governo de Washington e muitas coisas teriam que acontecer antes que os dois lados pudessem iniciar negociações. Mas autoridades americanas com bom acesso ao governo têm falado com Maduro e seu círculo íntimo. Entre elas o presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Gregory Meeks, o ex-governador do Novo México Bill Richardson, e o diretor do Programa Mundial de Alimentos, David Beasley.

A postura do governo Biden continua sendo a perseguida por Donald Trump: rejeição de Maduro e apoio a Juan Guaidó, o líder da oposição, como legítimo presidente do país.

Joe Biden
Nenhuma das medidas foi adotada em coordenação com o governo de Washington e muitas coisas teriam que acontecer antes que os dois lados pudessem iniciar negociações (Imagem: REUTERS/Tom Brenner)

No entanto, uma autoridade do governo Biden disse que os EUA estão revisando sua política para a Venezuela, examinando as sanções para se certificar de que estão alinhadas com seus objetivos e aguardando medidas concretas de Maduro.

A autoridade disse que o regime de Maduro deveria conversar com a oposição para estabelecer eleições livres e justas. Sobre os contatos com americanos, a fonte acrescentou que estão sendo acompanhados muito de perto.

“Estes são passos importantes”, disse Cynthia Arnson, chefe do Programa para a América Latina no Wilson Center, em Washington. “Está claro que estão buscando alívio das sanções e que o governo Biden está desconfortável com a severidade da política de sanções. Mas existe uma profunda desconfiança no conceito de negociações, e as pessoas não estão dispostas a se queimar novamente na ausência de evidências reais de concessões no terreno político.”

Juan Guaidó
Embora o governo Biden ainda apoie Guaidó, seu fracasso em destituir Maduro, mais de dois anos depois de ser declarado presidente interino, estimulou a comunicação (Imagem: REUTERS/Manaure Quintero)

Meeks, um democrata de Nova York, pediu ao governo que reconheça os passos de Maduro.

“O governo Biden deve enviar sinais claros a Caracas que reconheçam esses gestos positivos e incentivem mais avanços em direção à democracia”, disse em comunicado na semana passada. “Estou comprometido em explorar soluções multilaterais.”

O escritório de Richardson disse que o ex-governador do Novo México tem mantido “contato regular” com a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, e com o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, sobre os executivos da Citgo presos, bem como dois ex-Boinas Verdes americanos atualmente detidos em Caracas.

A presidência da Venezuela não respondeu a um pedido de comentário.

Embora o governo Biden ainda apoie Guaidó, seu fracasso em destituir Maduro, mais de dois anos depois de ser declarado presidente interino, estimulou a comunicação entre os EUA e o regime no poder.

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