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Magazine Luiza (MGLU3) sai do vermelho e lucra R$ 70 mi no 3T24, bem acima das expectativas; ‘À prova de Selic’, diz gerente de RI

07 nov 2024, 18:38 - atualizado em 07 nov 2024, 19:10
Magazine Luiza
Ao Money Times, Lucas Ozório destacou que a gestão está empenhada em transformar o Magalu em um negócio "resistente à Selic" (Imagem: Divulgação)

O Magazine Luiza (MGLU3) reverteu o prejuízo de quase R$ 143 milhões visto no terceiro trimestre do ano passado e reportou lucro ajustado de R$ 70 milhões, mostra documento enviado ao mercado nesta quinta-feira (7).

A cifra é quase o dobro do esperado pelo consenso da Bloomberg, que aguardava R$ 38 milhões. Dessa forma, a companhia, que foi do céu ao inferno em meio ao aumento dos juros, dá mais um passo em sua recuperação das margens. Esse é o quarto trimestre seguido no azul e que não deve parar por aqui, segundo o gerente de relações com o investidor, Lucas Ozório.

Ao Money Times, Ozório destacou que a gestão está empenhada em transformar o Magalu em um negócio “resistente à Selic“. A ideia é deixar a varejista menos dependente de produtos eletrônicos, que sofrem mais com o aperto monetário. Até porque o Brasil vive um ciclo de alta dos juros que pode chegar a mais de 13%, segundo alguns economistas. Na última quarta, o Banco Central voltou a aumentar os juros em 0,5 ponto percentual.

Entre as parcerias lançadas no trimestre está o acordo com o AliExpress, para a venda de produtos, o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) Digital pelo MagaluBank e a empresa de logísitca Magalog, lançado na última semana.

“Consolidamos nossas operações de logística sob a Magalog, o banco Magalubank, os serviços em Magalucloud e conteúdo em Magaluets, tudo com uma operação mais enxuta e diversificação das fontes de receita. Isso blindou, de certa forma, a companhia contra o ciclo de qualidade do negócio. Mesmo com a taxa de juros alta, continuaremos a entregar bons resultados, cada vez mais preparados para essa diversificação”.

Soma-se a isso o trabalho de ‘arrumar a casa’ que a empresa realiza nos últimos trimestres, fruto de um movimento que começou há quatro anos, quando a companhia comandada pela família Trajano montou o seu ecossistema, com a compra da Netshoes, Kabum e outras marcas.

“Quando percebemos que a taxa de juros poderia começar a subir na época da pandemia, já começamos a consolidar o nosso ecossistema, adquirindo várias empresas e fortalecendo negócios”, afirma.

Puxado pelo aumento da margem bruta de mercadorias e da diluição das despesas operacionais, além da significativa melhora na Luizacred, o Ebitda, que mede o resultado operacional, somou R$ 717 milhões, expansão de 47% ante o mesmo período do ano passado.

A margem Ebitda ajustada também subiu de 5,7% no ano passado para 8% neste trimestre, alta de 2,3 pontos percentuais, enquanto a receita líquida somou R$ 9 bilhões, aumento de 5%, e em linha com que o mercado esperava.

Magazine Luiza parou de queimar caixa

Ozório recorda que a companhia não só parou de queimar caixa, um dos principais problemas de varejistas, como está gerando caixa.

No trimestre, o saldo positivo foi de R$ 571 milhões, chegando a uma posição de caixa total de R$ 6,6 bilhões. Nos últimos 12 meses, a geração atingiu R$ 2,4 bilhões, praticamente o triplo do total registrado no ano anterior.

“Pagando todas as dívidas, sobraria dinheiro no final do dia. Isso se deve ao nosso aumento de margem Ebtida superior ao que o mercado estava esperando: aumentamos 2,3%. Basicamente, isso ocorreu porque aumentamos a margem bruta de mercadorias com a conclusão do repasse de preço feito no ano passado”, diz.

A companhia também luta para reduzir o endividamento, algo que o mercado aguarda ansiosamente. Ao todo, as despesas financeiras totalizaram 4% da receita líquida. Comparado ao ano passado (R$ 456 milhões — 5,3% da receita), houve redução de 1,3 ponto percentual, “mesmo com a taxa de juros em um patamar elevado”.

“Estamos fazendo esforços consideráveis na redução do endividamento: recompramos debêntures no mercado secundário, incentivamos pagamentos à vista e via PIX, e oferecemos opções de parcelamento com juros. Com isso, conseguimos manter a lucratividade, algo desafiador neste cenário, mas que temos alcançado pelo quarto trimestre consecutivo”.

Vendas

Nas vendas, a empresa também colheu avanços. As vendas totais somaram R$ 15 bilhões, alta de 4% e, segundo a companhia, atingindo patamares históricos para o período.

Em lojas físicas, as vendas totalizaram R$ 5 bilhões, aumento de 13%. No critério mesmas lojas (SSS), o crescimento foi de 15%. Com isso, expandiu sua participação de mercado no mundo físico em 0,7 ponto percentual no trimestre.

O e-commerce, galinha de ovos de ouro do Magalu, atingiu R$ 11 bilhões em vendas no período. As vendas no e-commerce com estoque próprio totalizaram R$ 6,5 bilhões. Já as vendas do marketplace alcançaram R$ 4,5 bilhões no mesmo período e representaram 41% das vendas online.

“Esse crescimento foi reflexo da performance do app, com 47,8 milhões de usuários ativos mensais, além da
entrega mais rápida para 1P (vendas próprias) e 3P (vendas de terceiros), a evolução da base de sellers e das novas categorias”, destacou.

O Magalu encerrou o trimestre com 1.245 lojas, sendo 1.015 convencionais e 230 virtuais. No trimestre, a companhia encerrou a operação de uma loja virtual. Da base total, 20% das lojas estão em processo de maturação.

E-commerce mais racional

O executivo acredita que a disputa no e-commerce está mais ‘racional’. Além de Casas Bahia (BHIA3) e Americanas (AMER3), o Magalu compete com Amazon, Mercado Livre e as plataformas asiáticas, que imundaram o mercado brasileiro.

“A racionalidade é uma palavra que está bastante vigente no mundo do varejo atualmente. Empresas não estão fazendo mais loucuras como estavam fazendo em outros momentos. Nós estamos focando bastante na questão de margens, como eu disse, nosso foco atualmente é recuperação e evolução de margem”, diz.

Ele cita ainda a parceria com a AliExpress, que promete dar um outro impulso a companhia, principalmente em produtos de até R$ 200, onde não atuava.

“Nós começamos a aumentar o nosso market share, que até então era muito baixo, em produtos menores,  que aí a parceria com o AliExpres. Vai nos ajudar muito. Já somos líderes, estamos nos intensificando cada vez mais, comprovado, por exemplo, com a volta do crescimento do 1P”.

Para o quarto trimestre, a companhia está otimista. O período costuma ser bem agitado para o varejo, principalmente por conta da Black Friday e o Natal.

“Vai ser um Black Friday rentável, acredito, assim para nós como para outros players, assim como também foi no passado. Já estamos com o estoque preparado”

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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