Comprar ou vender?

Magazine Luiza, Via Varejo e B2W: qual varejista comprar para entrar em 2021 com o pé direito?

22 dez 2020, 16:37 - atualizado em 22 dez 2020, 17:14
Com as lojas fechadas por meses, as empresas tiveram que reforçar os investimentos no e-commerce (Imagem: Pixabay)

As varejistas tiveram um ano de destaque e de desafios. Em meio a uma crise sanitária e econômica que assolou o mundo, as empresas precisaram se adaptar ao chamado “novo normal”.

Com as lojas fechadas por meses, as companhias foram obrigadas a reforçar os investimentos no e-commerce. Quem se saiu bem nesse quesito, ganhou pontos com o mercado.

Para entender melhor o cenário que se desenha para os próximos meses, o Inter Research iniciou a cobertura das principais varejistas do Brasil: Magazine Luiza (MGLU3), Via Varejo (VVAR3) e B2W (BTOW3).

E-commerce: a salvação da lavoura

Apesar do e-commerce ter ganhado importância com a Covid, antes mesmo da pandemia já era possível observar um crescimento do segmento vis-à-vis ao varejo de lojas físicas.

“Com a pausa do varejo físico, evidenciou-se quem estava pronto para captar essa tendência e os que ignoraram a transformação. Fazer parte do e-commerce engloba não apenas criar sua própria plataforma, ou associar-se a alguma. As empresas também precisam ser excelentes em vender os produtos, no atendimento online etc”, afirmam os analistas Breno Francis de Paula e Athos Nolasco Mendes Silva, que assinam o relatório.

Com as pessoas em casa, o comércio digital assumiu o protagonismo e cresceu 10 anos em 10 semanas.

Pelo menos é isso que apontam os dados da Nielsen e Atlântico: 13% da população brasileira comprou pela internet pela primeira vez em 2020. Em apenas 10 semanas, esse número dobrou.

Já no universo dos consumidores online, todos estão comprando mais desde o início da pandemia.

Morte do varejo físico?

Mesmo com toda a força do e-commerce, o varejo física ainda corresponde a 89% das vendas totais e continua sendo a melhor opção para a crescente base de consumidores emergentes.

Em comparação com China e EUA, mercados onde o comércio eletrônico é mais avançado, a representatividade do varejo físico, em 2019, foi de 75% e 84% respectivamente.

“O varejo físico apresenta uma séria de vantagens que o online não possui, como a interação cara a cara com o atendente, a possibilidade de sentir o produto, a resolução de problemas em tempo real e a dimensão humana do comércio”, argumentam.

O futuro é a integração

Para os analistas, o futuro do varejo está na integração entre os canais físicos e online, com lojas complementando os serviços online, o chamado omnichannel.

“A jornada de compra deixou de ser linear e o cliente passou a ser o protagonista do processo, não apenas o alvo. Então, mais importante do que o canal, é entender que a dinâmica envolve aprimorar sensações para os consumidores”, pontuam.

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Na opinião nos analistas, a B2W vem trilhando caminhos para se consolidar no e-commerce brasileiro (Imagem: Divulgaçã/B2W Digital)

E o que comprar?

B2W

A B2W é a pioneira no comércio eletrônico. Focada exclusivamente no canal digital, surgiu com a fusão da Americanas (LAME3) e Submarino, em 2006, em uma operação que criou a maior empresa de e-commerce do país.

“O foco da companhia no marketplace nos últimos anos a colocou em uma posição à frente de suas concorrentes, aparecendo como a maior ameaça para o Mercado Livre“, afirmam os analistas.

Além disso, a companhia vem apostando suas fichas na fintech Ame, que oferece diversas soluções financeiras para seus sellers e clientes, além de também funcionar como uma grande fonte de informações.

Na opinião nos analistas, a B2W vem trilhando caminhos para se consolidar no e-commerce brasileiro.

“A forte presença no marketplace e uma melhor integração com os canais físicos das Lojas Americanas e com Ame Digital são os fatores que devem liderar o crescimento da empresa nos próximos anos”, destacam.

O Inter firmou em R$ 102 o preço-alvo da varejista, potencial de valorização de 28%.

Apesar disso, a empresa tem alguns riscos pelo caminho, como a não integração com a operação das Lojas Americanas e um player estrangeiro com investimento alto no e-commerce.

Magazine Luiza

Com 1.237 lojas físicas em 819 cidades de 21 estados brasileiro, além do seu e-commerce próprio e um marketplace com mais de 40 mil sellers, o Magazine Luiza desponta como as ações queridinhas dos investidores.

Nos últimos anos, a empresa vem investindo em um movimento de crescimento inorgânico no canal digital, adquirindo empresas líderes em seu nicho, como a Época Cosméticos (cosméticos), Zattini (moda), Netshoes (artigos esportivos) e Estante Virtual (sebo).

“A empresa entendeu, antes de suas concorrentes, a importância da integração do mundo físico e digital o que lhe deu vantagens para apresentar um crescimento significativo no período, e hoje, ser uma referência em ominicanalidade”, afirmaram.

Na visão da dupla, o Magazine Luiza é a empresa mais preparada para surfar o crescimento do e-commerce brasileiro nos próximos anos e se consolidar no setor.

“Entretanto, acreditamos que o mercado já precificou o crescimento da empresa, deixando-a próxima de seu preço justo”, afirmaram.

O preço-alvo é de R$ 24,54 e a recomendação neutra.

Os riscos da varejista incluem a entrada de um player estrangeiro com investimento alto e a dificuldade na abertura de novos pontos de venda em praças rentáveis.

Apesar dos bons resultados apresentados nesse ano, os analistas ressaltam que empresa ainda está em meio a seu processo de recuperação (Imagem: Via Varejo/Linkedin)

Via Varejo

A Via Varejo é marcada por reviravoltas. Maior empresa de varejo de eletroeletrônicos e móveis do Brasil, em termos de faturamento, o grupo conta com marcas fortes reconhecidas pelo público brasileiro, como Casas Bahia e Ponto Frio, além da Bartira, a maior fábrica de móveis do país.

Mesmo sendo uma das principais empresas do país, a Via Varejo passou por dificuldades operacionais, que impactavam diretamente o bottom line e mostrava a necessidade de renovação.

A volta da família Klein, fundadora da Casas Bahia, ao comando da marca em 2019 era o ar de renovação que a Via Varejo precisava.

A nova administração logo passou a direcionar seus esforços para solucionar esses problemas e aumentar sua penetração no varejo digital, canal pouco explorado até então e que era a maior avenida de crescimento do setor. Os resultados vieram rapidamente e as vendas no canal digital dobraram de 2018 para 2020.

Apesar dos bons resultados apresentados nesse ano, os analistas ressaltam que a empresa ainda está em meio a seu processo de recuperação e há um caminho a se percorrer para voltar a ser uma companhia de excelência no varejo físico e se consolidar no varejo digital.

“Em nossa visão, a Via Varejo vem se mostrando cada vez mais capaz de recuperar a condição de liderança no varejo brasileiro”, afirmaram.

O preço-alvo é de R$ 25, o que implica valorização de 47%.

Entre os principais riscos da companhia, está a incapacidade da gestão de executar o turnaround (a recuperação) e a falha na implementação de estratégias omnichannel.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.