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Maiores bancos de Wall Street cortam bônus em até 30%

05 dez 2022, 10:37 - atualizado em 05 dez 2022, 10:37
Wall Street
A receita de bancos de investimento entre as cinco maiores instituições financeiras dos EUA despencou 47% nos primeiros nove meses do ano, um forte declínio de US$ 18,8 bilhões (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

Em Wall Street, expectativas pessimistas para o pagamento de bônus de banqueiros neste ano têm se concretizado em ritmo acelerado.

O menor volume de acordos de fusão e aquisição colocou um fim à guerra do setor por talentos, enquanto empresas recuperam o poder de barganha na negociação dos pacotes de remuneração.

JPMorgan Chase, Bank of America e Citigroup estudam planos para cortar bônus de suas equipes de bancos de investimento em até 30%, de acordo com pessoas com conhecimento das deliberações internas.

Algumas empresas consideram deixar funcionários com baixo desempenho sem pagamento extra.

As propostas ainda estão em discussão e podem mudar nas próximas semanas, disseram as pessoas.

Esses são os primeiros sinais dos bônus de fim de ano previstos para o setor, na esteira da queda dos acordos de aquisição e das vendas de novos títulos diante das perdas do mercado em 2022.

A receita de bancos de investimento entre as cinco maiores instituições financeiras dos EUA despencou 47% nos primeiros nove meses do ano, um forte declínio de US$ 18,8 bilhões.

No Goldman Sachs, mesmo operadores que ganharam mais não estão imunes a cortes de bônus.

Para legiões de banqueiros e traders, os bônus anuais podem chegar a milhões de dólares e equivaler a muitos múltiplos do salário anual.

Profissionais de Wall Street passam meses contando com bônus para pagar escolas particulares caras, casas de veraneio luxuosas e planos de clubes privados.

Menos de um ano atrás, empregadores travavam uma feroz guerra de lances por talentos.

Algumas empresas renunciaram às demissões quase inteiramente enquanto tentavam segurar profissionais qualificados.

As demissões recomeçaram há alguns meses e agora, com um número crescente de banqueiros de Wall Street recém-desempregados, os bancos têm mais força para colocar um limite aos salários.

Muitos funcionários carecem de outras opções viáveis.

“Aqueles com melhor desempenho serão apreciados”, disse Anthony Keizner, sócio-gerente da empresa de recrutamento executivos Odyssey Search Partners.

“Mas, em vez de pagar muito a alguns banqueiros e dispensar outros, parece que a estratégia mais comum será cortar os bônus de forma mais ampla.”

Representantes do JPMorgan, Citigroup e Bank of America não quiseram comentar.

Nem tudo é negativo.

Traders de juros e commodities ajudaram a impulsionar a receita de negociação de renda fixa para US$ 53,7 bilhões em Wall Street, o segundo melhor desempenho já registrado.

No Bank of America e no Citigroup, isso significa que os executivos podem manter os pacotes de bônus para traders nos níveis do ano passado, disseram algumas das pessoas.

E executivos desses bancos avaliam recompensar os melhores operadores de juros, moedas e commodities com pacotes de remuneração mais altos.

Sem bônus

Este ano, bancos como Citigroup, Bank of America e Barclays podem decidir não pagar bônus a dezenas de profissionais com fraco desempenho.

No Goldman, o número de banqueiros que não receberão nada pode ultrapassar 100.

Um porta-voz do Barclays não comentou.

O não pagamento de bônus costuma ser sinal de futura demissão, mas também uma espécie de desafio: se uma empresa deseja reduzir o quadro de funcionários, pode tomar a medida em relação a vários deles e ver se um número suficiente capta a mensagem para acelerar o desgaste.

Ou, com o aumento das demissões em outras empresas, alguns gerentes podem apostar que os desempregados continuarão aparecendo por um preço baixo.

“Para onde esses banqueiros irão?” pergunta Keizner, da Odyssey.

“Os bancos querem que suas equipes permaneçam por perto” porque, segundo ele, quando as coisas melhorarem, não querem se ver novamente na situação de escassez de profissionais.