Economia

Maiores economias do mundo recebem injeção de gastos públicos

21 fev 2020, 16:46 - atualizado em 21 fev 2020, 16:46
Em mais da metade das 20 maiores economias do mundo, analistas agora esperam orçamentos mais frouxos este ano (Imagem: Unsplash/@diesektion)

Governos de todo o mundo começam a usar mais poder de fogo fiscal para impulsionar as economias, embora a mudança possa não acontecer com rapidez suficiente para apaziguar bancos centrais que dizem estar cansados de carregar o fardo dos estímulos sozinhos.

Em mais da metade das 20 maiores economias do mundo, analistas agora esperam orçamentos mais frouxos este ano – em outras palavras, déficits maiores ou superávits menores – do que há seis meses, segundo pesquisa da Bloomberg com previsões de economistas.

Economias asiáticas como China e Coreia do Sul recorrem à política fiscal para combater a ameaça do coronavírus, que paralisou parte da indústria e devastou cadeias de suprimentos, enquanto governos do Reino Unido e da Rússia deixaram de lado antigos compromissos com a austeridade.

Mas o afrouxamento generalizado está longe de se concretizar.

O Japão recentemente aumentou impostos sobre as vendas, a Alemanha ainda mantém seu sagrado superávit e as políticas nos EUA estão paralisadas pelas próximas eleições.

E algumas das mudanças nas previsões orçamentárias são consequência de expectativas de crescimento mais fracas, e não de gastos mais altos ou impostos mais baixos.

Confira um conjunto de previsões orçamentárias e mudanças recentes de políticas em alguns países-chave:

Donald Trump
O presidente Donald Trump injetou estímulos na forma de reduções de impostos e maiores gastos do governo e obteve um aumento do crescimento econômico como resultado (Imagem: Facebook/Donald J. Trump)

EUA

– Previsão para 2020: -4,8% do PIB (déficit)

– Previsão para 2021: -4,8%

O presidente Donald Trump injetou estímulos na forma de reduções de impostos e maiores gastos do governo e obteve um aumento do crescimento econômico como resultado.

Este mês, Trump enviou uma proposta de orçamento ao Congresso que reduziria alguns dos gastos, embora também prometa mais cortes de impostos direcionados à classe média.

Mas nenhuma das propostas deve passar pelos democratas da Câmara, de modo que qualquer grande medida fiscal provavelmente ficará congelada até depois das eleições de novembro.

China

– Previsão para 2020: -4,8% (déficit)

– Previsão para 2021: -4,6%

Com indústrias e regiões inteiras confinadas por causa do vírus e diante da inflexibilidade do governo em reduzir as metas de crescimento, a China está preparada para mais estímulos fiscais.

O governo disse nesta semana que prepara medidas adicionais, como cortes de impostos corporativos e taxas. Já existe pressão no orçamento como resultado da guerra comercial com os EUA, e o ministro das Finanças, Liu Kun, reconheceu que haverá “desafios de curto prazo”.

japão bandeira
O Japão já corria risco de entrar em recessão antes mesmo da ameaça do coronavírus se tornar clara, em parte porque havia apertado a política fiscal (Imagem: Unsplash/@nathanb)

Mas ele disse que a China deve “adotar uma visão de longo prazo e tomar medidas resolutas”.

Japão

– Previsão para 2020: -2,9% (déficit)

– Previsão para 2021: -2,7%

O Japão já corria risco de entrar em recessão antes mesmo da ameaça do coronavírus se tornar clara, em parte porque havia apertado a política fiscal.

Um aumento dos impostos sobre vendas em outubro de 2019 contribuiu para uma retração do PIB, assim como nas duas últimas vezes que a política foi implementada.

Parlamentares aprovaram orçamento suplementar no valor de US$ 29 bilhões no mês passado e, no papel, esse estímulo extra deve chegar até o fim de março. Mas a história sugere que o governo provavelmente não conseguirá gastar todo montante dentro do prazo estipulado.

Alemanha

– Previsão para 2020: 0,7% (superávit)

– Previsão para 2021: 0,2%

A maior economia da Europa tem sido vista como uma das principais candidatas ao alívio fiscal, uma vez que possui significativamente menos dívida pública do que muitos vizinhos.

A recessão industrial prolongada e o surto de coronavírus provavelmente não são suficientes para rever essa postura (Imagem: Reuters/Kim Kyung-Hoon)

O Banco Central Europeu e o governo francês estão entre os que pedem ação.

Mas, embora a coalizão da chanceler Angela Merkel tenha iniciado um estímulo limitado focado em projetos verdes, não há apetite para abrir as comportas fiscais em um país onde a disciplina orçamentária continua sendo símbolo de virilidade política.

A recessão industrial prolongada e o surto de coronavírus provavelmente não são suficientes para rever essa postura.

Índia

– revisão para 2020: -3,7% (déficit)

– Previsão para 2021: -3,5%

A Índia atendeu ao pedido do banco central por uma política fiscal que impulsionasse a economia em desaceleração. Em fevereiro, o governo anunciou cortes de impostos para pessoas físicas que custarão ao governo US$ 5,6 bilhões em receita, alguns meses depois de uma isenção semelhante de US$ 20 bilhões para empresas.

Brasil

– revisão para 2020: -5,5% (déficit)

– Previsão para 2021: -5,3%

O governo está comprometido em reduzir o déficit e, no ano passado, conseguiu aprovar a reforma da Previdência como peça central do plano a longo prazo.

O déficit público em 2019 foi o menor em cinco anos, embora em parte devido a entradas de capital pontuais, como o leilão de petróleo. E, embora os ministros prometam medidas mais rigorosas, como salários mais baixos para novos funcionários públicos, podem ter dificuldades para convencer o Congresso antes das eleições municipais de outubro.

Bandeira do México
Apesar da estagnação da economia do México no ano passado, o presidente Andrés Manuel López Obrador manteve a rígida política fiscal (Imagem: Pixabay)

México

– Previsão para 2020: -2,4% (déficit)

– Previsão para 2021: -2,3%

Apesar da estagnação da economia do México no ano passado, o presidente Andrés Manuel López Obrador manteve a rígida política fiscal.

Seu governo tem cortado gastos com salários, o que ajudou a atingir superávit orçamentário antes das despesas com juros de 1,1% em 2019. E a meta é manter o superávit primário este ano. Isso deve deixar o banco central, que cortou as taxas de juros em cinco reuniões consecutivas, com o fardo dos estímulos por enquanto.

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