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Maiores riscos globais desafiam exuberância do mercado

23 jun 2020, 8:32 - atualizado em 23 jun 2020, 8:32
Mercados - Europa - Dax
O número de defaults no mercado de títulos em dólar da China tem aumentado, e a temporada de balanços do segundo trimestre está próxima (Imagem: REUTERS/Kai Pfaffenbach

Os mercados podem receber um banho de água fria, pois cenários que investidores minimizaram para impulsionar o rali global estão mais próximos da realidade.

Entre eles, o aumento do número de casos de Covid-19 em países que flexibilizaram medidas de isolamento social, crescente tensão entre EUA e China e fragilidade das finanças corporativas.

O número de defaults no mercado de títulos em dólar da China tem aumentado, e a temporada de balanços do segundo trimestre está próxima.

“Eu acrescentaria a crescente constatação de que a série de estímulos dos governos que vem alimentando o rali do risco está secando”, disse Valentin Marinov, responsável de estratégia do G-10 e câmbio do Crédit Agricole.

“É uma questão de massa crítica de más notícias que pode reverter o rali e deixar investidores novamente na defensiva.”

A queda breve, mas repentina, das bolsas no pregão da Ásia na terça-feira – na esteira dos comentários do assessor da Casa Branca Peter Navarro, que causaram confusão sobre o acordo comercial EUA-China – sinaliza que, apesar dos trilhões de dólares em estímulo sendo injetados nos mercados globais, o sentimento de risco pode ser frágil. Michael Every, do Rabobank, descreveu o abalo como “uma amostra do que está por vir”.

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Riscos

“É preocupante como poucos riscos de cauda estão precificados decorrentes de uma segunda onda, eleições presidenciais dos EUA e de um Brexit duro”, disse Jordan Rochester, estrategista de câmbio do G-10 na Nomura International, em Londres.

A diferença entre o índice Stoxx Europe 600 e projeções de lucro de seus componentes é quase a mais ampla já registrada.

Os mercados estão na expectativa para os resultados do segundo trimestre, que devem indicar o impacto das medidas de isolamento social nas empresas.

E os pessimistas reduzem as apostas na libra britânica, mesmo com a perspectiva de um Brexit sem acordo.

Mas o grande risco que não está precificado “são os formuladores de políticas potencialmente diminuindo o estímulo”, afirmou Rochester.

Os mercados estão na expectativa para os resultados do segundo trimestre, que devem indicar o impacto das medidas de isolamento social nas empresas (Imagem: B3/Linkedin)

Essas medidas ajudaram o avanço de ativos de alto rendimento, apesar da enorme quantidade de dados negativos neste trimestre.

Realização de lucros

Os mercados podem ter começado a admitir uma recuperação mais lenta. Ações de empresas que se beneficiam do trabalho remoto – como Netflix e Amazon.com – se saíram bem na segunda-feira, e os preços do ouro subiram pelo terceiro dia na terça-feira.

“Temos realizado lucros”, disse John Taylor, que administra US$ 6,6 bilhões na AllianceBernstein, em Londres, e que comprou títulos corporativos em abril.

“Eu não me preocuparia apenas com uma segunda onda de Covid e qualquer reversão do ‘lockdown‘, mas também como a economia se comporta à medida que governos começam a diminuir o suporte.”

bloomberg@moneytimes.com.br