Mais ‘cool’ que a Liberdade: bairro tradicional vira símbolo da nova São Paulo e conquista atenção global

(Imagem: iStock)

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De reduto industrial a referência cultural e econômica da capital paulista, a Barra Funda vive uma fase de reconhecimento global. O bairro, que nasceu de antigas terras da Fazenda Iguape e cresceu com a chegada dos imigrantes italianos, foi eleito o 3º bairro mais “cool” do mundo pela revista britânica Time Out.

A publicação destacou a energia criativa, a vida noturna intensa e a diversidade gastronômica que hoje definem o bairro. Boates cult, cafés descolados, galerias de arte e o Allianz Parque — casa do Palmeiras e palco de shows que reúnem multidões — compõem o cenário que deu visibilidade global ao bairro.

O levantamento anual da Time Out reúne indicações de jornalistas e editores ao redor do mundo. Cada um escolhe o bairro mais interessante de sua cidade, e o ranking global é definido com base em critérios como cultura, comunidade, qualidade de vida, gastronomia e relevância atual.

Na avaliação de 2024, a revista descreveu a Barra Funda como “a alma alternativa de São Paulo, onde o passado industrial encontra uma energia criativa inconfundível”. A região, segundo a publicação, representa a fusão entre tradição e modernidade que move a capital econômica do país.

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Gastronomia e vida noturna 

Entre os destaques apontados pela Time Out estão casas que impulsionam o turismo gastronômico e o consumo na região. O Sururu, com seus petiscos de inspiração praiana e drinques autorais, o Caracol, que combina restaurante e pista de dança, e o Komah, premiado com o Bib Gourmand do Guia Michelin, são exemplos de negócios que vêm fortalecendo a cena local.

Para os que preferem o dia à noite, o Ronin se tornou referência entre os cafés especiais de São Paulo. O espaço oferece grãos brasileiros preparados em métodos filtrados, com um toque artesanal que reflete o espírito criativo da região.

O roteiro da São Paulo descolada

 A Time Out montou um roteiro que traduz o estilo de vida da nova Barra Funda. O passeio começa pela Via Elevada Presidente João Goulart (Minhocão) e segue para um café da manhã n’A Baianeira, outro endereço reconhecido pelo Bib Gourmand.

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A jornada inclui visitas à galeria Mendes Wood, que tem filiais em Bruxelas, Nova York e Paris, e à loja Verniz, dedicada ao design brasileiro moderno. No almoço, o destaque é o Mescla, conhecido pelo arroz de camarão e sobremesas tradicionais.

À noite, o circuito cultural e gastronômico termina entre drinques e música ao vivo em bares como o Mamãe Bar — ponto de encontro de um público jovem e criativo — e o Água e Biscoito, inaugurado em 2024, que já se tornou um dos endereços mais disputados da capital.

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De polo industrial a referência cultural

Berço do carnaval paulista e marcada pela influência italiana, a Barra Funda tem suas origem no século XIX na antiga Fazenda Iguape. Com o avanço das ferrovias e da industrialização, o bairro se tornou um dos principais polos operários de São Paulo, abrigando fábricas e armazéns que impulsionaram o crescimento da cidade.

A crise de 1929, as mudanças econômicas da Era Vargas e o surgimento de novos polos industriais iniciaram um processo gradual de desindustrialização. A partir dos anos 1970, a chegada de migrantes nordestinos redesenhou o perfil social da região, enquanto as antigas fábricas começaram a dar mais espaço ao comércio.

No século XXI, a Barra Funda passou por uma revitalização urbana, com projetos que transformaram antigos galpões em espaços culturais, restaurantes e ateliês. O turismo e o lazer ganharam força e hoje convivem com a herança industrial que moldou o bairro.

O resultado é um cenário onde o passado e o presente se encontram: construções históricas e arquitetura fabril se reinventaram para abrigar uma economia criativa e vibrante, consolidando a Barra Funda como um dos bairros mais autênticos e dinâmicos de São Paulo.