Mais saudável: Após desinvestir no KFC, de frango frito, IMC (MEAL3) foca no Frango Assado

No começo deste ano, a IMC (MEAL3) anunciou que havia vendido o controle do KFC – rede de fast food que vende principalmente frango frito – para a empresa responsável por tocar a mesma marca no Chile. Agora, com uma posição de caixa mais saudável, a ideia da companhia é focar no Frango Assado, sua rede de restaurantes e de pontos de conveniência em rodovias.
Em entrevista ao Money Times, o diretor-executivo (CEO) da companhia, Alexandre Santoro, explicou que a venda do KFC se deu, em parte, pela percepção de problemas na tese original..
“A ideia original era de construir uma tese de consolidar marcas e negócios dentro do setor de restaurantes na América. Nos Estados Unidos, no México, Porto Rico, Colômbia, Panamá e Brasil. Era uma tese com uma certa ambição”, falou o CEO. “Mas esses negócios tinham poucas sinergias e começaram a virar algo sem escala, com modelos operacionais muito diferentes”, completa.
A IMC comprou o direito de operar as marcas KFC e Pizza Hut no Brasil em 2019. Em 2020, o estouro da pandemia da Covid-19 dificultou a realização do plano. Em 2021, o atual CEO assumiu após a UV Gestora aportar capital e se tornar um investidor âncora, com 35% do capital da companhia.
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A Kentucky Foods Chile vai pagar, agora no terceiro trimestre, US$ 35 milhões por 58,3% da operação no Brasil e pelo seu controle, sendo que a IMC ficou com o restante
Além da venda do KFC, o atual CEO também já realizou outros desinvestimentos, com a empresa saindo do Panamá, da Colômbia e da Olive Garden no Brasil.
Atualmente, além das já mencionadas, a IMC ainda detém as marcas Viena, Batata Inglesa e lojas em aeroportos no Brasil e as marcas Margaritaville e Landshark, nos EUA. Novos desinvestimentos, por agora, não estão no radar — mas também não estão descartados. “Estamos sempre abertos, estudando movimentações, procurando gerar valor para o acionista”, comentou Santoro.
IMC e o foco no Frango Assado
Agora, além do valor levantado com a venda da fatia do KFC, a companhia também economizará, segundo o CEO, com menores investimentos futuros. O momento atual da rede de frango frito, segundo ele, pedia ganho de escala.
“A gente tomou a decisão de repensar se valia a pena colocar recurso próprio ou buscar um parceiro. Mas não queríamos somente um parceiro financeiro. A gente queria um operador, alguém que agregasse valor também com conhecimento e não só com caixa”, explicou o CEO. “O KFC gerava caixa operacional, mas não o suficiente para pagar a dívida neste momento de juros altos e para reinvestir”.
Já o Frango Assado, por outro lado, vem sendo o maior motor de crescimento da companhia nos últimos tempos, segundo o diretor.
“A gente tem um plano que começou há dois anos, de revitalização das lojas atuais, com as unidades da Carvalho Pinto e de Caieiras já de fachadas novas e com estacionamentos e iluminação sendo refeitos”, comentou.
Segundo Santoro, no serviço oferecido pelo Frango Assado, a fidelização do cliente é algo essencial — o que explica os investimentos em reformas.
A IMC também pretende expandir a marca, aproveitando a maior capacidade de investimento conquistada após, mas, de acordo com Santoro, sempre com “disciplina financeira”.
A companhia pretende direcionar recursos de forma seletiva, priorizando projetos com retorno mais rápido e menos intensivos em capital. Além do uso de capital próprio, a estratégia abre espaço para trazer parceiros externos, capazes de assumir parte dos custos de construção, enquanto a empresa foca na operação e no fornecimento de equipamentos
“Já discutimos o modelo em que o parceiro constrói o restaurante e a gente equipa e opera, reduzindo nosso capex”, diz. “A gente desenvolveu uma cozinha central. Então a gente produz pães, espetinhos, salgados.Tudo isso nos faz ganhar qualidade, permite inovar e controlar a produção. O modelo está virando operacional”.
A IMC também não descarta buscar mais parceiros que operem os postos que ficam nas unidades do Frango Assado. Hoje, das 23 unidades existentes, 15 possuem postos operados pela IMC e, nas demais, eles são operados por parceiros. Eles fazem parte, segundo Santoro, da “experiência completa de parada única” a ser oferecida nas estradas.
“Muito provavelmente, no futuro, a gente vai fazer os novos restaurantes em parceria com operadores de posto. A tendência é focar no restaurante, que é o nosso core”, debateu.
Por fim, para a expansão, o CEO sinalizou uma preferência pelo brownfield: “A gente vê uma grande oportunidade de converter pontos existentes, reembandeirar operações que já têm estrutura, mas oferta fraca, e transformar em Frango Assado. Abrir um terreno totalmente novo deve acontecer menos; a prioridade vai ser reformas e conversões”