Marcopolo (POMO4) desaba mais de 10% em reação ao balanço do 3T25; o que decepcionou o mercado, na visão dos analistas?
 
						Nesta sexta-feira (31), as ações da Marcopolo (POMO4) vivem um “dia de terror” na bolsa brasileira com queda de mais de 10% em meio ao “agito” da temporada de balanços.
Os papéis da Marcopolo lideram as perdas da B3 e do Ibovespa (IBOV), além de figurar entre as ações mais negociadas. POMO4 encerrou as negociações com recuo de 10,54%, a R$ 7,89.
Na mínima intradia, a queda chegou a 10,77%.
O forte tom negativo é puxado pelos resultados do terceiro trimestre (3T25).
A fabricante de carrocerias de ônibus teve lucro líquido de R$ 329,6 milhões entre julho e setembro, valor 1,8% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado
A empresa teve um resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 419,8 milhões entre julho e setembro, representando uma queda de 9,9% sobre o desempenho de um ano antes.
Analistas esperavam lucro líquido de R$ 322,9 milhões e Ebitda de R$ 451,2 milhões para o terceiro trimestre, segundo média de previsões compilada pela LSEG.
O resultado foi pressionado em parte por forte queda nas receitas das operações brasileiras do grupo, que caíram 15,2% na comparação anual, para 1,24 bilhão. Do outro lado, o faturamento obtido com exportações a partir do Brasil e vendas das unidades internacionais da empresa saltaram 43% e 51,3%, respectivamente.
- CONFIRA OS NÚMEROS DO BALANÇO EM: Marcopolo (POMO4) tem lucro líquido menor no 3T25, mas espera entregas aquecidas em outubro e novembro
Balanço foi tão ruim assim?
Com os números abaixo do esperado, os analistas já esperavam uma forte reação negativa.
Para a XP, os resultados da Marcopolo não atenderam às altas expectativas do mercado, apesar de alguns pontos positivos, como o avanço da margem Ebitda para 19,3%, uma alta de 0,5 ponto percentual na base anual.
Os analistas Lucas Laghi, Fernanda Urbano e Guilherme Nippes também avaliam que os dados operacionais foram contrastantes: volume domésticos abaixo do esperado compensados por volumes mais fortes nas operações no exterior.
Eles destacam, em relatório, que a rentabilidade também foi ofuscada por alguns efeitos.
“Notadamente um impacto negativo (pontual e amplamente esperado) da equivalência patrimonial da NFI, bem como uma contribuição positiva relacionada ao programa Mover — mais recorrente, em nossa opinião, embora potencialmente variando em ordem de grandeza”, avaliou o trio.
Os analistas do BTG Pactual classificam os resultados como ‘decepcionantes’, em parte.
“Precisamos admitir que ficamos um pouco decepcionados com o ritmo lento de expansão de margem da Marcopolo neste ano. Acreditamos que isso se deveu, em parte, a um mix de produtos menos favorável e a um aumento gradual dos volumes”, escreveram os analistas Fernanda Recchia, Lucas Marquiori e Marcel Zambello, em relatório.
O trio, porém, considerou que a surpresa positiva do balanço foi “justamente” a margem Ebitda — visão compartilhada com a análise da XP.
Os analistas da Ágora Investimentos/Bradesco BBI chamaram a atenção para a perda de receita no trimestre — ficando abaixo da expectativa do mercado e da casa. “Tendemos a ver a perda de receita como a principal conclusão do trimestre, pois provavelmente levará a revisões para baixo nas previsões de receita de 2025/2026”, escreveram Daniel Federle e Wellington Lourenço.
Nem tudo foi negativo
Para o Safra, os resultados da Marcopolo foram “ligeiramente” positivo, “já que a queda no desempenho doméstico foi compensada por uma melhora sólida nas vendas internacionais.”
O Citi, que considerou os resultados “pouco inspiradores”, destacou a resiliência da margem da Marcopolo — com a visão de que a métrica está próxima das máximas históricas, e isso sendo o principal ponto positivo do balanço.
Os analistas também consideraram as vendas internacionais foram mais fortes como uma das surpresas positivas.
O Itaú BBA, por sua vez, afirmou que a companhia continua com sua alocação de capital disciplinada, priorizando investimentos em modernização industrial e desenvolvimento de novos produtos.
“As taxas de juros elevadas no Brasil parecem estar limitando a renovação de frota, então a Marcopolo está focando em oportunidades de exportação e tecnologias de propulsão alternativa”, avaliou a equipe liderada por Gabriel Rezende.
Hora de vender POMO4?
Para o BTG Pactual, a resposta é não. O banco tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 12 — o que representa um potencial de valorização de 36,1% sobre o preço de fechamento da última quinta-feira (30), quando o papel encerrou o pregão cotado a R$ 8,82.
Os analistas afirmam que a perspectiva para a companhia no curto prazo segue positiva, embora o 3T25 seja o destaque do ano.
“A carteira de pedidos de rodoviários no 4T25 segue robusta, garantindo estabilidade na produção. O segmento de urbanos continua crescendo, com maior participação de modelos articulados”, afirmaram.
“Considerando a sazonalidade usual, as entregas devem seguir fortes em outubro e novembro, com mix favorável, antes de desacelerar em dezembro devido às férias coletivas, que devem se estender até o início de janeiro de 2026, acompanhando os fabricantes de chassis”, acrescentaram os analistas do BTG Pactual,
Na mesma linha, a XP espera um desempenho operacional saudável adiante, embora a receita abaixo do esperado no 3T25 aumente as preocupações dos investidores em relação a uma possível desaceleração do ciclo.
Já para o Citi, a empresa parece estar sinalizando uma participação maior de ônibus urbanos em 2026, o que pode trazer volatilidade aos resultados, já que os ônibus urbanos são um segmento mais competitivo, com margens estruturalmente mais baixas em comparação com os rodoviários.
Confira a recomendação dos analistas que o Money Times teve acesso:
| Banco/Corretora | Recomendação | Preço-alvo | Potencial de valorização* | 
|---|---|---|---|
| Ágora/Bradesco BBI | Compra | R$ 12,00 | 36,05% | 
| BTG Pactual | Compra | R$ 12 | 36,05% | 
| Itaú | Compra | R$ 13 | 47,39% | 
| Safra | Compra | R$ 10,50 | 19,05% | 
| XP | Compra | R$ 11,50 | 30,39% | 
*potencial de valorização sobre o preço de fechamento anterior. Em 30/10/25, POMO4 encerrou as negociações cotado a R$ 8,82.
 
							 
				 
				 
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