Economia

Marcos Lisboa: “Empresas brasileiras não fazem análises de risco adequadas”

29 out 2025, 16:10 - atualizado em 29 out 2025, 16:43
Marcos Lisboa (Imagem divulgação Avenue)
Marcos Lisboa (Imagem: divulgação Avenue)

Com as crises corporativas começando a pipocar no mercado, com casos como o da Ambipar (AMBP3) e da Braskem (BRKM5), o economista Marcos Lisboa fez, nesta quarta-feira (29), um alerta: as empresas brasileiras estão se preparando pouco para enfrentar o cenário local — usualmente — conturbado.

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“No Brasil, você tem que ter uma análise de stress muito mais cuidadosa. Em um ano, você pode estar com um juros de 4% e, no próximo, ele está em 15%”, disse, em entrevista ao Money Times e durante o painel “O valor da incerteza”, em evento realizado pela gestora GCB em São Paulo.

“O que eu vejo de empresa que não fazem a análise de risco adequada, que não olham os concorrentes e que não levam em conta o pior cenário é impressionante”, afirmou.

Em momentos de economia mais aquecida, Lisboa lembra que os ânimos de investidores e empresários tendem a melhorar. No entanto, o Brasil usualmente falha em manter as condições positivas por um período considerável, com novas crises surgindo de forma quase cíclica, segundo ele.

“É uma realidade dura que a governança dos negócios precisa enfrentar. Empresários, muitas vezes, não querem perder as ondas positivas do mercado, mas é necessário ter um ‘grilo falante’ do lado, que levanta os riscos. E isso gera uma tensão”, disse.

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“Muitas vezes, o empresário olha e pensa que o governo está ótimo e que ‘agora vai’. Na sequência, vem uma recessão, e o alavancado cai e quebra. É a história que a gente mais escuta no Brasil”, completou.

Lisboa ainda lembrou que as incertezas também pesam nos balanços das companhias — que têm de procurar proteção em ferramentas como o hedge.

“Para piorar, a gente tem muita insegurança jurídica no Brasil. As interpretações vão mudando. Os juízes vão criando exceções, casos particulares, e expandindo a leitura da lei”, disse. “No ambiente regulatório também é uma confusão, com um sistema todo cheio de regras e mudanças”.

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Por fim, Lisboa mencionou o sistema tributário brasileiro, um “dos mais complexos e disfuncionais do mundo” — resultado, segundo ele, de um processo legislativo dominado por lobbies e interesses setoriais. 

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As leis, em suas palavras, “já saem ruins” porque são escritas de forma confusa, com linguagem antiga e cheia de exceções. O efeito, Lisboa menciona, “é um contencioso tributário gigantesco, de cerca de 75% do PIB, número 300 vezes maior que o dos países da OCDE”. 

Essa estrutura também cria custos permanentes para as empresas, que precisam gastar recursos com disputas judiciais, consultorias e replanejamento constante.

Todas as incertezas acabam afastando os investimento privado e estrangeiro, e minando a confiança no país.

“Enquanto o país não tiver previsibilidade, o capital produtivo não volta”, disse. “Se fala muito que os investidores estrangeiros estão voltando. Eu não vejo isso. Pelo contrário, há muita saída de recurso. É o custo de você nunca saber o que vale amanhã”. 

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Jornalista formado pela Unesp, tem passagens pelo InfoMoney, CNN Brasil e Veja.
vitor.azevedo@moneytimes.com.br
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