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Marfrig vê lucro líquido superar R$ 1,7 bi no 2º tri com operação nos EUA

10 ago 2021, 19:34 - atualizado em 10 ago 2021, 21:39
Marfrig Carnes Boi Commodities
Marfrig aprovou a distribuição aos acionistas de dividendos intermediários no valor de 958,4 milhões de reais (Imagem: Facebook da Marfrig)

A Marfrig Global Foods (MRFG3) reportou lucro líquido recorde de 1,738 bilhão de reais no segundo trimestre, alta de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado pelo bom desempenho da operação norte-americana da empresa, conforme balanço divulgado nesta terça-feira.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou 3,92 bilhões de reais no período, queda de 3,6% no ano a ano, pressionado pelo cenário da unidade América do Sul e, principalmente, do Brasil.

No período, a companhia registrou receita líquida de 20,6 bilhões de reais, crescimento de 9% na comparação anual e a maior receita histórica para um trimestre.

“Com os resultados alcançados, o conselho da Marfrig aprovou a distribuição aos acionistas de dividendos intermediários no valor de 958,4 milhões de reais”, disse à Reuters o vice-presidente de Finanças da Marfrig, Tang David.

Em abril deste ano, a Marfrig já havia distribuído 141 milhões de reais em dividendos, referentes ao exercício de 2020.

O Conselho de Administração da empresa também aprovou o cancelamento de 20 milhões de ações em tesouraria e a criação de um novo programa de recompra de ações de até 26,3 milhões de ações, com o objetivo a criar de valor para os acionistas.

David destacou que, além do maior lucro trimestral, a companhia marcou recorde no Ebitda da Operação América do Norte e a alavancagem medida pela relação entre Ebitda ajustado e dívida líquida caiu ao menor nível histórico, para 1,45 vez.

A unidade norte-americana, liderada pela National Beef, surfou em um cenário de alta disponibilidade de gado, aumento no volume de abates e do consumo no mercado local.

A demanda foi impulsionada pela chamada ‘barbecue season’ (temporada do churrasco, que coincide com o verão no Hemisfério Norte), ressaltou a empresa.

A receita líquida da unidade atingiu a marca histórica de 15,5 bilhões de reais, avanço de 7,4% sobre o mesmo período do ano passado.

O Ebtida ajustado foi de 3,8 bilhões de reais, 8,7% superior ao registrado no segundo trimestre do ano passado, representando 96% do Ebtida total da companhia no trimestre.

“Temos o ciclo do gado que ainda está conforme o esperado e demanda aquecida… a perspectiva para o terceiro trimestre não é tão boa quanto a do segundo trimestre, mas ainda é bem positiva”, disse o CEO da Operação América do Norte da Marfrig, Tim Klein.

Ele afirmou que o avanço de contaminações pela variante Delta do coronavírus não gerou efeito negativo sobre o consumo norte-americano de carne e, portanto, a operação seguirá em plena capacidade.

“Não exigiremos a vacinação, mas seguiremos as orientações dos CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA)… Fomentaremos a vacinação, vimos interesse maior dos funcionários que não tinham se vacinado até agora, devido ao surgimento da variante Delta”, acrescentou ele.

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América do Sul

Em um cenário oposto ao norte-americano no que se refere à oferta de gado, o Brasil ainda passa por um cenário adverso de custos de produção na pecuária que pressionou o desempenho da Operação América do Sul da Marfrig.

“O custo do gado subiu mais que o preço de venda e tivemos margens apertadas”, disse o CEO da unidade sul-americana, Miguel Gularte.

Ele ressaltou ainda que houve um “apagão logístico” durante o trimestre, com falta de contêineres e de navios para embarque, que “reteve praticamente 700 milhões de reais em produtos prontos para exportar”.

O gargalo também afetou o Ebitda da operação, que caiu 70,5%, para 181 milhões de reais no segundo trimestre.

A unidade gerou receita líquida de 5 bilhões de reais, um crescimento de 14,1% na comparação anual, justificado pelo aumento de 21,1% no preço médio de vendas totais na região.

As exportações foram responsáveis por 57,7% da receita total no trimestre, lideradas por China e Hong Kong em meio a novos casos de peste suína africana na Ásia.

“Por outro lado e já entrando mais em perspectiva, vemos um terceiro trimestre com oferta de gado mais fluída, problema logístico começando a ficar mais equacionado… Vemos o mercado externo apoiado em duas vertentes, demanda consistente principalmente da China e preço”, estimou Gularte.

“Esperamos oferta melhor, margem maior e logística mais equacionada.”

Veja o resultado abaixo:

reuters@moneytimes.com.br