Master em novas mãos? Holding Fictor compra banco, com novo aporte
A holding de investimentos Fictor fez uma proposta para comprar o Banco Master. As informações foram antecipadas pelo portal Metrópole e confirmadas pelo Money Times.
Ainda segundo informações, a operação já inclui aporte imediato de R$ 3 bilhões para reforço da estrutura de capital da instituição.
O processo, porém, não contempla o Willbank e o Banco Master de Investimentos, que estão sendo negociados com grupos de investidores distintos.
Desde do começo do ano, o banco de Daniel Vorcaro passa por dificuldades financeiras. O BRB chegou a fazer uma proposta, mas a operação foi barrada pelo Banco Central.
Além da Fictor, o negócio conta ainda com investidores dos Emirados Árabes Unidos, e está sujeito à aprovação do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), disse a Fictor em comunicado.
E falando em Vorcaro, o banqueiro deixará a instituição. Com isso, a Fictor elegerá um novo presidente para o Master.
Segundo informações do Metrópole, Antônio Oliveira Neto, com passagem por diversas instituições globais, como JP, Santander e HSBC, deve ser o escolhido.
Antônio tem mais de 25 anos de experiência no sistema financeiro nacional.
O pleito submetido ao BC prevê ainda alterações na diretoria estatutária, formação de um novo conselho e mudança da denominação social para Banco Fictor, conforme o comunicado.
De acordo com Rafael Góis, sócio da Fictor Holding Financeira, a operação representa o passo de entrada da Fictor no mercado financeiro brasileiro.
“Seguimos alinhados às melhores práticas de governança, com foco na distribuição de produtos sólidos e desenhados para responder com precisão às demandas do mercado nacional. Mantemos o que sempre guiou nossa trajetória: investir na economia real”.
Já Vorcaro afirmou tratar-se de uma transação privada, com players complementares e de alcance global.
“O Banco Master, ao longo dos últimos meses, provou sua força e resiliência, superando desafios significativos. A união dos atuais produtos com a capilaridade de distribuição da Fictor levará o novo banco ao protagonismo no cenário brasileiro, que tanto carece de novos players e de concorrência saudável. Quem sairá ganhando serão os clientes”.
Quem é o Factor?
O Grupo Fictor possui mais de 6.000 colaboradores, portfólio com mais de 30 empresas no Brasil, Estados Unidos e Europa e ativos totais que ultrapassam US$ 1 bilhão.
Em dezembro do ano passado, realizou um “IPO reverso”, que colocou boa parte da sua divisão alimentícia na B3, a Fictor Alimentos SA (FICT3).
Entre as empresas do portfólio, estão companhias como a Dr. Foods – com as marcas AuFoods, de alimentos para animais de estimação e Dr.Healthy, especializada em comidas prontas – a FictorPay, dedicada a meios de pagamentos, e a Fictor Asset.
Entenda a crise do Banco Master
Os problemas do Banco Master começaram no fim de março, quando o conselho do BRB aprovou a compra de 58% do capital do banco, em uma operação estimada em cerca de R$ 2 bilhões.
A aquisição era vista como uma solução para o Master, liderado por Daniel Vorcaro e conhecido pelo alto custo de captação. O banco emitia CDBs com remuneração até 40% acima da taxa básica do mercado e possuía investimentos considerados de alto risco em precatórios e empresas em dificuldade.
Diante da situação, órgãos de controle passaram a acompanhar a operação. O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) solicitou esclarecimentos sobre as condições da compra, enquanto o Ministério Público de Contas do DF (MPCDF) pediu acesso completo ao processo administrativo da aquisição.
No início de maio, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) suspendeu a assinatura do contrato por ausência de aprovação da Assembleia de Acionistas e falta de autorização legislativa. Posteriormente, a decisão foi revertida em segunda instância, permitindo que o BRB assinasse o contrato definitivo.
Em junho, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou o acordo sem restrições, alegando que a operação não representava riscos significativos à concorrência.
No entanto, em setembro, o Banco Central vetou a compra, citando falta de viabilidade econômica e risco relacionado à sucessão, já que o BRB precisaria assumir integral ou parcialmente operações desconhecidas do Master.