Economia

Medida ‘megalomaníaca’: Nobel de Economia critica tarifa de Trump ao Brasil e diz que não tem base econômica

10 jul 2025, 8:52 - atualizado em 10 jul 2025, 8:52
tarifas Presidente dos EUA, Donald Trump, em entrevista coletiva durante cúpula da Otan em Haia 25/06/2025 REUTERS/Piroschka Van De Wouw
Paul Krugman critica nova tarifa de Trump contra o Brasil, classificando-a como “megalomaníaca” e politicamente motivada. (Imagem: REUTERS/Piroschka Van De Wouw)

O economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2008, fez duras críticas à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Para ele, a medida é “maligna” e revela traços de “megalomania”.

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Em artigo publicado na quarta-feira (9) no site Substack, Krugman afirma que a nova tarifa não tem sustentação técnica e, na prática, representa um “programa de proteção a ditadores”. Segundo ele, trata-se de uma ação de caráter político, voltada a punir o Brasil pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF).

O novo “tarifaço” foi comunicado por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por meio de uma carta oficial. No documento, o republicano defende Bolsonaro e diz que o processo contra o ex-presidente brasileiro representa uma “vergonha internacional”.

Em resposta, Lula afirmou que o Brasil “não será tutelado por ninguém” e que adotará medidas com base na Lei da Reciprocidade Econômica diante de qualquer sanção comercial unilateral.

Para Krugman, o episódio revela a tentativa dos EUA de usar o comércio internacional como instrumento de intimidação. “Trump mal finge ter uma justificativa econômica. Tudo se resume a punir o Brasil por colocar Bolsonaro em julgamento”, afirmou.

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O economista ainda considera a decisão um marco na política externa americana e defende que, se os EUA ainda tivessem uma democracia funcional, essa decisão “seria por si só motivo para um processo de impeachment”.

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Tarifas de Trump têm relevância econômica limitada

Krugman minimizou os possíveis impactos diretos da tarifa sobre a economia brasileira. “O Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes. As exportações para os EUA representam menos de 2% do seu PIB. Trump realmente acredita que pode intimidar uma nação desse porte a abandonar a democracia?”, questionou.

Citando dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), o economista lembrou que os principais parceiros comerciais do Brasil são a China (26,8% das exportações), a União Europeia (15,2%) e os próprios Estados Unidos (11,4%). “Trump age como se o Brasil dependesse do mercado americano, o que claramente não é o caso”, disse.

Krugman lembra que o uso de tarifas com fins políticos não é novo na história americana, mas destaca a diferença de contexto. “Após a Segunda Guerra Mundial, os EUA promoveram o comércio como força de paz e democracia. Hoje, Trump tenta usar tarifas para proteger outro aspirante a ditador”, escreveu.

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Coordenadora de redação
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como coordenadora de redação no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como coordenadora de redação no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.