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Membro do Banco Central Europeu defende flexibilidade em compras de títulos

28 jul 2021, 7:49 - atualizado em 28 jul 2021, 7:49
BCE
Há anos os programas de compras de títulos têm sido um ponto delicado para algumas autoridades do BCE, que temem criar riscos para a estabilidade financeira (Imagem: REUTERS/Ralph Orlowski)

Pablo Hernández de Cos, integrante do conselho do Banco Central Europeu, disse que a instituição deve considerar manter um pouco da flexibilidade do programa de compras de títulos de emergência quando fizer a transição para outras aquisições de ativos depois da pandemia.

“A principal lição a ser tirada” do programa é que o poder de direcionar as compras para os segmentos da economia que mais precisam “aumentou notavelmente não só a eficácia, mas também a eficiência” dele, disse o presidente do banco central da Espanha na terça-feira, em resposta por escrito a perguntas da Bloomberg.

“Portanto, seria desejável discutir a possibilidade de nossos futuros programas de compras conservarem alguns dos elementos flexíveis”, afirmou.

Os comentários sinalizam reuniões potencialmente tensas quando as autoridades iniciarem conversas formais sobre como mudar suas prioridades de combate à crise para atingir a meta de inflação.

Há anos os programas de compras de títulos têm sido um ponto delicado para algumas autoridades do BCE, que temem criar riscos para a estabilidade financeira e minar o incentivo para que governos mantenham suas finanças sólidas.

O programa da pandemia de 1,85 trilhão de euros (US$ 2,2 trilhões) é especialmente potente e tem sido usado para manter os juros baixos em países mais afetados como a Itália, altamente endividada. Também é explicitamente temporário, com duração prevista até março de 2022 ou até que o Conselho do BCE avalie que a fase de crise causada pelo coronavírus acabou.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse à Bloomberg este mês que o programa poderia “passar a um novo formato”.

Hernández de Cos, considerado um dos membros do Conselho do BCE mais inclinados ao afrouxamento monetário, disse que é “muito cedo” para dizer quando as discussões sobre medidas pós-crise devem começar.

Mas ele também sugeriu que a decisão do BCE na semana passada de alterar sua orientação sobre a política futura é um sinal de mudanças a caminho para impulsionar a inflação.

“Nosso novo ‘guidance’ futuro é o primeiro exemplo de nossa determinação em agir”, disse.

Hernández de Cos argumentou que, daqui em diante, o BCE deve focar em ser “persistente” nas ações e “manter” um nível suficiente de estímulo.

Na semana passada, o BCE disse que as taxas de juros permanecerão nos níveis atuais ou mais baixas pelo menos até que suas projeções mostrem que a inflação atingirá 2% “muito antes” de seu horizonte de previsão. A taxa de depósito atualmente é de -0,5%.

Hernández de Cos disse concordar com os comentários de outra autoridade do BCE, o presidente do banco central da França, François Villeroy de Galhau, que “muito antes” significa dentro de 12 a 18 meses. As previsões mais recentes se estendem até 2023, quando o crescimento médio dos preços é estimado em 1,4%.

Banco Central Europeu
Na semana passada, o BCE disse que as taxas de juros permanecerão nos níveis atuais ou mais baixas pelo menos até que suas projeções mostrem que a inflação atingirá 2% “muito antes” de seu horizonte de previsão (Imagem: REUTERS/Kai Pfaffenbach/File Photo)

As autoridades do BCE devem discutir os planos para a política monetária na próxima reunião de setembro, quando terão novas previsões econômicas e melhor noção sobre a evolução da pandemia.

Hernández de Cos pediu uma definição mais ampla do que significa uma recuperação completa da crise de coronavírus, em um sinal de que pode estar aberto a estender o programa de emergência.

O programa “deve permanecer em vigor enquanto a pandemia e seus efeitos sobre a economia persistirem”, afirmou. “Em um contexto de incerteza ainda muito elevada como o atual, não devemos nos precipitar.”

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