Internacional

Membro do BOE diz que recuperação poderia exigir juros negativos

18 dez 2020, 13:01 - atualizado em 18 dez 2020, 13:01
Banco da Inglaterra
Os mercados monetários anteciparam apostas em um maior afrouxamento da política monetária do BOE e esperam um corte dos juros para 0% em março de 2022 (Imagem: Reuters/Toby Melville)

Gertjan Vlieghe, membro do Banco da Inglaterra, diz que a instituição deve estar preparada para injetar estímulo monetário, o que incluiria taxas de juros negativas, para uma recuperação econômica completa da pandemia.

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Embora as medidas atuais possam ser suficientes para superar a crise de saúde com as vacinas, o impacto nos empregos e nos investimentos – combinado com a necessidade de lidar com o Brexit “haja um acordo ou não” – pode encurtar a recuperação antes do desejado, disse o membro do Comitê de Política Monetária em entrevista à Bloomberg na sexta-feira.

Se os mercados estiverem calmos, mas a demanda for fraca o suficiente para necessitar de outro impulso do BOE, então “uma combinação de QE [flexibilização quantitativa] e, provavelmente, juros mais baixos é o que será necessário”, disse.

Os mercados monetários anteciparam apostas em um maior afrouxamento da política monetária do BOE e esperam um corte dos juros para 0% em março de 2022.

Vlieghe falou um dia depois de o Comitê de Política Monetária ter votado unanimemente para manter o atual programa de compra de títulos, com a taxa básica de juros inalterada em 0,1%. Ele disse que, se mais estímulo for necessário, suas expectativas são relativamente baixas em relação ao efeito do aumento das compras de títulos e que qualquer corte dos juros precisaria ser considerável.

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Abaixo de zero

Isso significaria que a taxa básica do BOE poderia ficar abaixo de zero pela primeira vez. Autoridades de política monetária já estudam se tal medida pode ser implementada sem prejudicar o sistema bancário.

“Ao falarmos em adicionar estímulo significativo à economia, o corte da taxa de juros que podemos fazer sem ficar negativa é, obviamente, muito pequeno”, disse Vlieghe. “O risco de acabar sendo contraproducente é baixo e, portanto, se nos encontrarmos em circunstâncias em que precisamos de mais estímulos, esse seria um risco que estou disposto a correr.”

A recente distribuição de vacinas deve apoiar a economia e reduzir significativamente o risco da necessidade de injetar mais estímulos para enfrentar a crise imediata da Covid, afirmou.

Mas Vlieghe também alertou para alguns meses difíceis.

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“Temos que reconhecer que temos um inverno muito difícil pela frente”, disse.

“Os casos estão novamente aumentando, a vacina não chegará em breve para conter isso”, disse Vlieghe. “Então, vamos precisar de mais restrições além das que já temos, e também a economia vai ter que se ajustar ao Brexit, haja um acordo ou não.”

E, se a volatilidade do mercado aumentar, o BOE pode elevar as compras de ativos, afirmou.

“Isso é algo que podemos e iremos implantar muito rapidamente, se necessário”, disse. “Podemos convocar uma reunião imediatamente.”

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bloomberg@moneytimes.com.br