Câmbio

Menor apetite por risco e ruídos políticos domésticos impulsionam dólar a R$ 5,42

11 nov 2020, 10:22 - atualizado em 11 nov 2020, 10:22
Dólar, dólares, investimentos
Os investidores globais continuavam atentos ao cenário político norte-americano (Imagem: Reuters/Gary Cameron)

O dólar avançava fortemente contra o real nesta quarta-feira à medida que o otimismo global — provocado pela vitória eleitoral de Joe Biden nos Estados Unidos e notícias de sucesso em uma vacina contra a Covid — perdia força, com ruídos políticos domésticos colaborando para a aversão a risco.

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Às 10:20 (horário de Brasília), o dólar (USDBRL) avançava 0,08%, a 5,4289 reais na venda, enquanto o dólar futuro tinha alta de 0,30%, a 5,4365 reais.

Os investidores globais continuavam atentos ao cenário político norte-americano, depois de vitória democrata na Casa Branca, e aos sinais de forte progresso no desenvolvimento de uma vacina da Pfizer, que afirmou ter alcançado 90% de sucesso na prevenção da Covid-19.

No entanto, vários analistas citaram arrefecimento no movimento de compra de ativos de risco, com o índice do dólar ante uma cesta de pares fortes subindo cerca de 0,4%. Peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano eram negociados em queda contra a divisa norte-americana.

Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora, citou em nota o avanço global do coronavírus e a resistência do atual presidente norte-americano, Donald Trump, em aceitar o resultado das eleições dos EUA como fatores que se opunham às manchetes otimistas que geraram forte procura por risco mais cedo na semana.

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Internamente, chamava a atenção dos investidores a fala adotada pelo presidente Jair Bolsonaro na terça-feira, quando afirmou, referindo-se à diplomacia Brasil-Estados Unidos, que “quando acaba a saliva, tem que ter pólvora”.

Bolsonaro se referiu indiretamente a declarações do presidente eleito dos EUA, Biden, sobre levantar barreiras comerciais contra o Brasil para interromper o que o norte-americano chamou de destruição da floresta.

O presidente afirmou também que é preciso enfrentar a pandemia do novo coronavírus de “peito aberto” e que o Brasil tem de deixar de ser “um país de maricas”, numa referência pejorativa ao receio com a Covid-19, que já matou mais de 162 mil e infectou 5,67 milhões de pessoas.

“A celeuma acontece a poucos dias da volta de Brasília às atividades pós-eleições municipais para discutir o orçamento de 2021, incluindo as PECs de revisão de despesas e o programa de transferência de renda – um desafio que não é trivial”, disseram em nota analistas políticos da XP Investimentos.

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“Era recomendado que o governo concentrasse esforços nesses dias que antecedem o retorno para chegar na semana que vem com o tema encaminhado – o desconcerto de ontem mostra que estamos na direção contrária.”

A saúde das contas públicas tem dominado o radar dos investidores domésticos, que temem que o governo fure seu teto de gastos ao tentar conciliar o financiamento de um novo programa de assistência social a um Orçamento apertado para 2021.

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou na segunda-feira que tudo indica que o Congresso não vai votar o Orçamento ainda este ano e isso poderá afetar o rating do Brasil nas agências de classificação de risco.

No ano de 2020, o dólar acumula salto de quase 36% contra o real.

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Na véspera, a moeda norte-americana à vista registrou alta de 0,11%, a 5,3913 reais na venda.

O Banco Central fará neste pregão leilão de swap tradicional para rolagem de até 12 mil contratos com vencimento em abril e agosto de 2021.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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