Coluna
Economia

Mercado acompanha agenda cheia com IGP-M, IPCA-15, Caged e dados dos EUA e China

25 ago 2025, 7:40 - atualizado em 22 ago 2025, 11:08
IOF, Economia, Haddad, Alíquota
IGP-M deve voltar ao campo positivo, enquanto IPCA-15 perde força; Caged deve confirmar geração de vagas formais acima de junho. (Imagem: Rmcarvalho/Getty Images/Canva)

A agenda da semana está agitada, com dados nacionais e internacionais movimentando o mercado. O IGP-M deve voltar ao campo positivo em agosto, interrompendo a sequência de três meses em deflação. A projeção de alta é sustentada pelo avanço das commodities e por sinais de aceleração em indicadores de alta frequência, ainda que a pressão de preços esteja mais concentrada na base da cadeia produtiva e nos segmentos intermediários.

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Já o IPCA-15 deve mostrar perda de fôlego no mês. O recuo reflete a queda nos preços de alimentos e combustíveis e reforça a perspectiva de que o Banco Central poderá iniciar o ciclo de corte de juros em dezembro. Apesar da desaceleração, a surpresa baixista da inflação de julho mantém viva, ainda que remota, a chance de o índice encerrar o ano dentro da banda de tolerância da meta.

Enquanto isso, o mercado de trabalho segue resiliente. Os dados do Caged de julho devem confirmar a criação líquida de cerca de 185 mil vagas formais, acima de junho e em linha com o ritmo observado no mesmo período de 2024.

Confira as projeções para a agenda de indicadores desta semana

  • O IGP-M deve interromper a sequência de três meses em território deflacionário e registrar alta em agosto. Nossa projeção indica variação de 0,30%, sustentada pelo comportamento recente das commodities e por sinais de aceleração nos indicadores de alta frequência.
    A aceleração dos preços se manifesta principalmente na base da cadeia produtiva e em segmentos intermediários da produção, mas ainda encontra barreiras no consumidor final, onde prevalece o repasse do movimento deflacionário observado nos preços aos produtores domésticos nos meses anteriores.
  • Neste contexto, o IPCA-15 de agosto deve mostrar perda de fôlego frente à leitura anterior, refletindo a retração nos preços de alimentos e combustíveis. Projetamos alta de 0,15%, após os 0,33% de julho, o que representaria a menor variação em sete meses.
    Esse arrefecimento reforça a expectativa de que o Comitê de Política Monetária disponha de espaço para inaugurar o ciclo de flexibilização em sua última reunião do ano, em dezembro. Complementarmente, os dados de inflação de julho — abaixo do esperado — sugerem que ainda existe uma remota possibilidade de o Brasil encerrar o ano com a inflação dentro do intervalo de tolerância da meta.
    Os dados do Caged de julho devem confirmar a resiliência do mercado de trabalho brasileiro, em contraste com sinais mais claros de desaceleração da atividade econômica nos últimos meses. A expectativa é de criação líquida de pouco mais de 185 mil vagas formais no mês, resultado que, se confirmado, representará aceleração frente a junho e manutenção de um ritmo semelhante ao observado em igual período de 2024.
    Esse desempenho reforça a leitura de que o mercado de trabalho segue aquecido, sustentando o consumo das famílias, apesar do ambiente de atividade menos dinâmico.
  • O déficit em transações correntes de julho deve ser o mais elevado para o mês desde 2019, colocando o balanço de pagamentos no foco do mercado nesta semana. A atenção decorre do crescente descompasso entre a expansão do déficit em conta corrente e o fluxo de investimentos produtivos, tradicionalmente responsável por financiar esse desequilíbrio.
    Embora o resultado ainda não configure risco imediato, acende um sinal de alerta para os próximos meses. O país conta com um colchão de liquidez robusto em moeda estrangeira, mas o episódio de forte desvalorização no final do ano passado evidenciou a vulnerabilidade estrutural a choques externos e à volatilidade. Caso nossas projeções se confirmem, mesmo diante de entradas significativas de investimento direto, a diferença entre as duas contas deve se ampliar no acumulado em 12 meses até julho.
  • O Governo Central deve registrar novo déficit em julho, mesmo diante do recorde de arrecadação informado pela Receita Federal. Nossas projeções indicam um resultado negativo próximo de R$ 40 bilhões, enquanto estimativas do Ipea apontam para um déficit ainda mais expressivo, em torno de R$ 58 bilhões.
    Em qualquer dos cenários, o saldo de julho representará deterioração frente ao mesmo mês de 2024, revertendo a tendência observada entre janeiro e maio deste ano, quando os números mensais superaram, positivamente, os de igual período do ano anterior. Apesar do enfraquecimento das contas públicas em junho e julho, seguimos projetando o cumprimento da meta estabelecida pelo novo arcabouço fiscal em 2025.
  • Os próximos dados da economia norte-americana devem intensificar as incertezas em torno da trajetória da política monetária do Federal Reserve no segundo semestre. Embora o corte de juros em setembro seja praticamente consensual, a combinação de sinais de sobreaquecimento da atividade com pressões inflacionárias coloca em dúvida a extensão e a intensidade do ciclo de flexibilização.
    A fraqueza recente do mercado de trabalho sugere espaço para uma redução marginal já no mês que vem, mas a alta do índice de preços ao produtor indica riscos de pressões adicionais sobre a inflação na reta final de 2025, o que pode levar o Fed a adotar uma postura mais cautelosa, inclusive com a possibilidade de pular decisões nas reuniões subsequentes. Caso a segunda leitura do PIB do segundo trimestre e os dados do PCE de julho surpreendam, o ciclo de cortes pode se revelar bem mais contido do que atualmente precificado pelo mercado.
  • Os PMIs chineses de agosto devem permanecer próximos da marca de 50 pontos, sinalizando um quadro de estabilidade com leve viés de crescimento. Esse comportamento indica que a economia ainda não conseguiu ganhar maior tração, já que a demanda interna segue aquém das expectativas do governo, que mantém como meta um crescimento de 5% em 2025.
    Nesse cenário, são esperadas novas medidas de estímulo monetário e fiscal ao longo do segundo semestre, com foco em impulsionar o consumo doméstico e destravar investimentos. Apesar dessa fragilidade no mercado interno, o setor externo continua sustentando a atividade, beneficiado pelas tréguas comerciais com os Estados Unidos, que têm garantido fluxo robusto de exportações.

Confira a agenda de indicadores entre 25 a 29 de agosto (horário de Brasília):

Segunda-feira, 25 de agosto

Horário País Indicador
Reino Unido Feriado
8h Brasil Confiança do consumidor
8h25 Brasil Relatório Focus
9h30 EUA Licenças de construção
11h EUA Vendas de casas novas

Terça-feira, 26 de agosto

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Horário País Indicador
9h30 Brasil Transações correntes e Investimento estrangeiro direto
9h Brasil IPCA-15
9h30 EUA Pedidos de bens duráveis
10h EUA Índice de preços de imóveis

Quarta-feira, 27 de agosto

Horário País Indicador
8h30 Brasil Empréstimos bancários

Quinta-feira, 28 de agosto

Horário País Indicador
6h Zona do euro Confiança do consumidor
8h Brasil IGP-M
9h30 EUA Pedidos semanais de seguro-desemprego
9h30 EUA PIB (segunda leitura)
14h30 Brasil Caged
20h30 Japão CPI, taxa de desemprego, produção industrial e vendas no varejo

Sexta-feira, 29 de agosto

Horário País Indicador
8h30 Brasil Balanço orçamentário e dívida/PIB
9h Brasil Taxa de desemprego
9h30 EUA PCE
11h EUA Confiança do Consumidor Michigan

 

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Consultor Econômico da plataforma Remessa Online
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica, mestre em Economia Política pela PUC-SP, professor e coordenador universitário do curso de Ciências Econômicas. É autor do livro O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico, que recebeu menção honrosa no Prêmio Brasil de Economia 2021 do Cofecon. Foi premiado pelo Banco Central nos anos de 2023 e 2024 por liderar o ranking anual Top 5 do Boletim Focus na categoria de projeções da taxa de desocupação da PNAD Contínua.
andre.galhardo@autor.www.moneytimes.com.br
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica, mestre em Economia Política pela PUC-SP, professor e coordenador universitário do curso de Ciências Econômicas. É autor do livro O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico, que recebeu menção honrosa no Prêmio Brasil de Economia 2021 do Cofecon. Foi premiado pelo Banco Central nos anos de 2023 e 2024 por liderar o ranking anual Top 5 do Boletim Focus na categoria de projeções da taxa de desocupação da PNAD Contínua.
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