Economia

Mercado brasileiro escapa de turbulência na América Latina

06 nov 2019, 13:28 - atualizado em 06 nov 2019, 13:28
A perspectiva das reformas tributária, federal e administrativa, combinadas com juros baixos, aumenta o apetite dos investidores pelo país, disse estrategista-chefe da BlackRock

Apesar dos obstáculos no cenário político e a economia ainda estagnada, o Brasil se destaca como uma improvável ilha de estabilidade para investidores diante da atual turbulência na América Latina.

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Gestoras de recursos como Pacific Investment Management e BlackRock estão entre os otimistas em relação aos ativos do país. O principal motivo é a extensa agenda de reformas do governo que, depois de conseguir aprovar a reforma da Previdência, agora ataca em várias frentes, desde um notoriamente complicado sistema tributário a uma estrutura estatal inchada. O Banco Central reforçou o otimismo ao reduzir a Selic a um recorde de baixa diante da inflação abaixo da meta.

É um panorama muito diferente de outras partes da região, que está mergulhada em uma crescente instabilidade política. Nas últimas semanas, Chile e Equador declararam estados de emergência em meio a protestos violentos; a Argentina reforçou o controle de capitais após a eleição de Alberto Fernández; o presidente do Peru fechou o congresso, enquanto confrontos marcaram a reeleição do presidente Evo Morales, que agora inicia seu quarto mandato.

“O Brasil certamente se destaca”, disse Axel Christensen, estrategista-chefe para a América Latina da BlackRock, em Nova York. A perspectiva das reformas tributária, federal e administrativa, combinadas com juros baixos, aumenta o apetite dos investidores pelo país, disse.

O clima otimista é evidente no desempenho dos ativos que, em sua maioria, têm ignorado os conflitos internos do PSL, partido de Jair Bolsonaro, e polêmicas em torno do presidente.

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O real foi a moeda com melhor desempenho na região no mês passado, e as ações são negociadas em recorde de alta. O principal fundo negociado em bolsa com foco em ações brasileiras, o ETF iShares MSCI Brasil, com ativos de US$ 9,4 bilhões, acaba de registrar sua maior entrada mensal de capital este ano. Enquanto isso, o risco-país, medido pelos contratos de credit default swap (CDS) de cinco anos, está no nível mais baixo desde 2013 – época em que a dívida soberana brasileira ainda era classificada como grau de investimento.

“Embora o Brasil não seja alheio à turbulência política, sua classe política começou a entender a necessidade de proteger a agenda econômica do ruído político”, disse Ismael Orenstein, gestor de recursos da Pimco em Newport Beach, que está “overweight“ em ativos locais do Brasil. “Também estamos começando a ver alguns sinais positivos do lado da atividade e do crédito, que nos tornam mais positivos sobre as perspectivas de crescimento econômico e ativos, como moeda e crédito corporativo.”

Depois de anos de crescimento decepcionante, alguns analistas estão mais otimistas em relação à economia brasileira, dizendo que 2020 é o ano em que o país finalmente oferecerá uma surpresa positiva. O mercado aposta que os juros baixos impulsionarão o crédito e os gastos dos consumidores, e a conclusão da reforma da Previdência após anos de debate dará aos investidores estrangeiros mais confiança para investir no país.

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“A aprovação da reforma da Previdência será grande no curto e no longo prazo, e o governo ainda parece sério e otimista quanto aos planos de privatizar mais ativos”, disse Brendan McKenna, estrategista de câmbio do Wells Fargo Securities, em Nova York.

Seu otimismo não é o mesmo para toda a região. McKenna está mais preocupado com o Chile, já que o cancelamento da Cúpula Apec em Santiago “admite algum tipo de derrota”, enquanto a Argentina “ainda está uma bagunça”. Ele é mais otimista em relação à Colômbia, onde diz que a economia segue relativamente bem e que a inflação está baixa e de certa forma estável.

“Os ativos brasileiros têm potencial para subir mais, principalmente devido ao impacto dos juros mais baixos, privatizações e reformas microeconômicas”, disse Gustavo Medeiros, vice-chefe de pesquisa do Ashmore Group, em Londres. “Não será uma linha reta, mas o argumento para uma recuperação sustentável dos lucros e, posteriormente, do investimento e do crescimento do PIB está aí.”

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